Folha de S. Paulo


Wanda Rocha Brito Marques (1936-2014) - Abriu mão do direito pelos filhos

De tanto ouvir Wanda dar risadas pela casa (principalmente quando estava ao telefone), o papagaio da família até aprendeu a imitar o som da característica mais marcante dessa paulistana.

Sempre sorrindo, levava a vida com bom humor. Também um tanto conversadeira e curiosa, era o "Google" das antigas: sabia onde encontrar qualquer coisa na cidade ou quem poderia realizar determinado serviço —tudo organizado em uma agenda.

Formada em direito pelo Largo São Francisco —onde conheceu o marido, Luiz Carlos—, Wanda abriu mão da carreira na advocacia para cuidar dos quatro filhos.

Uma de suas maiores preocupações era manter a família unida. Em 1973, ao ficar entre a vida e a morte após complicações em uma cirurgia, pediu ao marido que não permitisse que Flávio, Mônica, Sérgio e Simone se separassem.

Incentivou-os a lerem muito, hábito que cultivou até os últimos anos —gostava de Eça de Queirós e de Jorge Amado. Também usava as horas de folga para fazer palavras cruzadas e Sudoku.

Criada na alameda Barão de Limeira, adorava contar histórias da infância vivida no centro de São Paulo. Lembrava-se, por exemplo, do homem que passava vendendo litros de leite de cabra —os animais eram criados em chácaras no final da via.

Morreu no dia 2, aos 78, de falência de múltiplos órgãos. Viúva havia quatro meses, deixa os filhos e o neto, Marcelo.

Durante a cremação, a família tocou três das músicas favoritas de Wanda, fã de Raul Seixas: "Água Viva", "Trem das 7" e "Maluco Beleza".

coluna.obituario@uol.com.br


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