Folha de S. Paulo


Clara Gawendo (1932-2014) - Relatou em livro drama de mãe judia na 2ª Guerra

Ainda criança, na cidade mineira de Barbacena, Clara Gawendo começou a escrever o primeiro livro que publicaria, há apenas três anos.

Na verdade, os relatos iniciais pinçados de conversas entre sua mãe e as amigas sobre o holocausto tornaram-se desenhos, pois Clara ainda nem conhecia o alfabeto.

Ao longo da vida, juntou outras passagens para dar origem a "Misha e Eu", romance sobre uma mãe judia que procura pelos filhos durante a Segunda Guerra.

A autora, no entanto, sempre ressaltou que, mais que a história de uma família, tratava-se de uma homenagem a todas as mulheres que lutaram para sobreviver às perseguições nazistas.

"Que no futuro não exista mais isso [perseguição a um povo]", disse à época do lançamento da obra. "Somos todos iguais", concluiu a neta de judeus da Bessarábia.

Sensível e observadora, estava sempre anotando impressões e sentimentos. Além de papel para seus rascunhos, carregava uma revista de palavras cruzadas.

Os desenhos feitos lá na infância também a acompanharam por certo tempo. Pintava quadros, mas teve de parar após desenvolver uma alergia.

Nascida no Recife e criada em Minas, passou a maior parte da vida em São Paulo. Teve uma loja na região da Mooca e uma confecção com uma das filhas no Bom Retiro.

Morreu no dia 1º, após ser atropelada na faixa de pedestre em Maceió, onde vivia desde 1996. Tinha 82 anos.

Viúva de Chlawna, deixa os filhos, Sara, Janette e Josué, sete netos e sete bisnetos, além de dois livros, que devem ser publicados em 2015.

coluna.obituario@uol.com.br


Endereço da página:

Links no texto: