Folha de S. Paulo


Melhor da fonte dançante do parque Ibirapuera são as luzes no fim

Quando as luzes se apagam, um silêncio cai sobre o parque Ibirapuera. As margens do lago em volta da fonte de repente se transformam em imensas arquibancadas luminosas com celulares prontos para fotografar.

Desde o último fim de semana, paulistanos podem ver todos os dias, às 20h30 e às 21h, um tal balé das águas na fonte do parque.

Jatos e esguichos se trançam e contorcem sob luzes verdes, vermelhas e amarelas num espetáculo natalino, pontuando projeções de uma animação sobre a água que voa a todos os lados.

Na historinha projetada na fonte, uma menina pede vários presentes ao Papai Noel, como uma boneca que fala e comida boa para todos, mas poderia ter pedido mais água em plena seca na cidade.

Isso porque –apesar da capacidade da fonte de jorrar água a alturas de até 15 metros –uma parte da projeção fica perdida, já que um dos lados não sobe até o ponto certo da imagem, o que cria estranhas figuras sem
cabeça no desenho. Alguns cartões postais, como a Oca e o Memorial da América Latina, ficam um tanto distorcidos.

Também por causa do vento que dispersa a água, a imagem não passa de borrões coloridos, quase impossíveis de identificar, algo que talvez não faça sentido para crianças nascidas na era digital.

Fernando Nascimento/Folhapress
Tradicional iluminação de Natal nas águas do lago no parque do Ibirapuera
Tradicional iluminação de Natal nas águas do lago no parque do Ibirapuera

Mas não faz tanta diferença. Ninguém ali parecia interessado na história da tal garotinha. Quando a animação para e as águas começam de fato a dançar, balançando da esquerda para a direita ou se cruzando na forma de estrelas, o público presta atenção.

É uma coreografia ao som de clássicos natalinos, como 'Jingle Bells' e 'Noite Feliz', nem sempre em sintonia com o movimento da água. Mas chama a atenção na noite cinzenta da cidade, contrastando com a muralha de prédios enfileirados atrás do parque.

Talvez tudo ficasse melhor sem as projeções e com mais criatividade na coreografia aquática, mas na escuridão do parque fica até bonito.

No final, após desejos de boas-festas projetados até em árabe, a surpresa. De repente, luzes em 200 árvores se acendem. É aí que a plateia toda suspira e grita "que lindo".


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