Folha de S. Paulo


Evento cultural a uma quadra do 'fluxo' dá nova cara à Cracolândia

A uma quadra do fluxo da cracolândia, na Luz (centro), um evento cultural neste sábado (29) deu outra cara à região conhecida pelo vaivém de viciados em drogas.

Iniciado em maio passado, o mutirão multicultural, organizado pela prefeitura, tem oficinas de pintura e jardinagem, além de um ônibus biblioteca na esquina da rua Helvétia com a alameda Barão de Piracicaba.

A iniciativa é elogiada por comerciantes e tem entre os participantes alguns dependentes químicos em tratamento.

Coordenador do projeto cultural Casa Rodante – na verdade uma picape antiga com uma carroceria cheia de livros, ferramentas de jardinagem e pincéis que fica ali– Julio Dojcsar, 45, disse que o evento tem boa adesão dos moradores da região, que trazem seus filhos para as oficinas, e ajuda a aproximar dependentes químicos das atividades culturais.

"Conseguimos estabelecer um vínculo legal com a comunidade. Tem muito dependente que está aqui porque conseguiu diminuir o uso da droga", disse Dojcsar.

Perto dali, o fluxo ferve na Helvétia com a alameda Cleeveland, onde está a favelinha na qual se misturam usuários e traficantes de drogas.

"Este projeto é bacana porque coloca a criançada para se divertir", disse o fotógrafo Armando Pereira dos Santos, que tem um estúdio na alameda Barão de Piracicaba há 35 anos.

"De um tempo para cá as coisas melhoraram. Antes os crackeiros ficavam espalhados, agora estão numa quadra só. A gente espera que um dia isso acabe", disse.

Dono de um mercadinho de doces na Helvétia, Jeferson Andrade, 40, diz que o projeto ajuda a mudar um "cenário tão triste".

"Quando cheguei aqui há três meses foi assustador. Agora me acostumei", disse.

O mutirão ocorre todo último sábado do mês.


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