Folha de S. Paulo


'Não consigo vaga há 1 ano', diz aposentada à espera de exame em SP

A demora no atendimento não está restrita às consultas e atinge todo o sistema -há dificuldades para fazer exames, ter acesso a medicamentos e agendar uma cirurgia.

"Tenho exame que precisa ser autorizado pela Secretaria de Saúde e até hoje não liberaram. Disseram que não tem vaga", afirma Fabiane Calixto, 33, que espera há um ano pelo procedimento para o tratamento de lúpus, doença do sistema imunológico que provoca intensas dores.

A aposentada Orlanda Garcia, 60, não consegue renovar a receita para comprar o medicamento para artrose.

Davi Ribeiro/Folhapress
Maria do Socorro Macedo, 54, que recebe acompanhamento em casa de agentes de saúde
Maria do Socorro Macedo, 54, que recebe acompanhamento em casa de agentes de saúde

"Me falam para ligar todo o dia para ver se tem vaga e não consigo há um ano."

Da mesma forma, Maria Santana, 45, que mora na zona leste. "Eu tive que ir até o Hospital das Clínicas para conseguir uma injeção."

Dados de julho mostravam 654 mil pessoas à espera de consultas, exames e cirurgias. Esse número, no entanto, era 19% maior há cerca de dois anos, ainda na gestão de Gilberto Kassab (PSD).

Parte do feito da administração de Haddad se deve à reformulação do sistema Siga, que avisa os pacientes da consulta e, no caso de desistência, faz a fila andar.

O tempo médio de espera para exames até diminuiu (passou de 194 para 124 dias), mas a fila para cirurgias cresceu (de 256 para 284 dias).

O avanço, porém, ainda está aquém da demanda, tanto que a Promotoria chegou a recomendar à prefeitura a contratação de unidades privadas para fazer os procedimentos.

Davi Ribeiro/Folhapress
Maria da Penha Januário, 38, usuária do serviço Saúde da Família, da prefeitura de SP
Maria da Penha Januário, 38, usuária do serviço Saúde da Família, da prefeitura de SP

À época, segundo a promotoria, a prefeitura alegou que nem mesmo a rede privada poderia absorver a demanda.

Outro impedimento para agilizar os procedimentos, segundo Antonio Carlos Lima, presidente do Sindsep (Sindicato dos Trabalhadores do Município de São Paulo), está nos salários. "O salário inicial de um auxiliar de
enfermagem é de R$ 510", diz.

Nesse quesito, o prefeito tenta algumas iniciativas. Abriu concurso em 2014 para 7.000 médicos. Na rede básica, 660 médicos foram convocados, mas 400 se apresentaram. Outros 400 selecionados serão chamados no começo de 2015. O déficit de médicos na saúde é de 3.000.

No início deste mês, Haddad também enviou à Câmara Municipal uma proposta de reajuste de até 86% para profissionais de saúde.


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