Folha de S. Paulo


Fornecedoras de água investem para atender aumento de demanda

Empresas de caminhão-pipa do interior paulista estão investindo para conseguir atender ao aumento da demanda, que chega a 70%, durante a maior estiagem em décadas. Algumas delas estenderam a área de cobertura e fazem entregas em cidades até 100 km de distância.

Em Indaiatuba (a 98 km de SP), a Tromba D'Água viu na crise uma oportunidade.

Fechou um contrato sem licitação de R$ 300 mil com a Prefeitura de Itu e aumentou de seis para dez o número de caminhões-pipa, segundo Francisco Souza, 48, responsável pela frota.

Davi Ribeiro/Folhapress
Funcionário da AN Transportes, de Piracicaba, rega jardim após abastecer piscina de cliente
Funcionário da AN Transportes, de Piracicaba, rega jardim após abastecer piscina de cliente

"Tivemos ainda de alugar uma carreta, comprar três caminhões e contratar mais três motoristas."

O faturamento da empresa cresceu 70% neste ano, e o investimento deve ser recuperado em um ano e meio.

Alex Nazato, dono da AN Transportes, de Piracicaba (a 160 km de São Paulo), investiu R$ 350 mil em um terceiro caminhão-pipa após arrendar um dos seus para uma indústria que enfrenta dificuldade de captação no rio Piracicaba e está buscando água de poço artesiano em Iracemápolis.

Nazato diz ter feito entregas até em Itu, em um frete de 80 km, por causa da crise. "Cobrei R$ 1.000 por causa da distância. Cheguei lá e me disseram que era o mesmo preço que cobravam na cidade. Enchi três piscinas."

FORASTEIRAS

Na cidade de 165 mil habitantes, uma das mais afetadas pela seca, as placas dos carros-pipa são quase todas de fora: Lins (a 340 km de Itu), Aguaí (160 km), Campinas (55 km) e Sorocaba (40 km), entre outras.

A maior empresa de caminhões-pipa de Itu, a Águas Rizzi, teve seus poços artesianos confiscados pela prefeitura por decreto, para serem usados para o abastecimento da população.

A saída da companhia foi buscar água em cidades a até 50 km de distância.

"Vamos a Sorocaba, Porto Feliz e até Boituva", diz Ivani Rizzi, que chegou a atender um cliente da cidade que precisou de água em Guarujá, no litoral.

"Já tenho reserva para o Natal e o Réveillon, com um mês e meio de antecedência."

"As pessoas de Itu ligam chorando para a gente, mas a gente atende o que pode", diz Laimar Soares, da Águas Nascimento, de Sorocaba.

INDÚSTRIAS

Em Americana, a Levíssima viu seu faturamento aumentar 20%.

Por isso, pretende adquirir mais um caminhão para dar conta da demanda, principalmente do polo petroquímico de Paulínia.

"Essa crise vai precisar

de uns quatro anos para recuperar, se chover. Então estamos estudando comprar mais caminhões", afirma Cláudio Jacinto, representante da empresa.

"E em dois ou três anos pagamos o investimento."


Endereço da página: