Folha de S. Paulo


Benedita Bueno Sahadi (1907-2014) - Dona Tita era a memória viva de Brodowski

Aos 107, Benedita Bueno Sahadi tinha como lazer contar histórias sobre o "nascimento" de Brodowski (SP), para onde se mudou aos 4 anos, antes mesmo da emancipação do local, que ocorreria dois anos depois, em 1913.

Dona Tita contribuiu para a transformação do lugar, que no início do século 20 tinha apenas três ruas.

"Ela tinha muito orgulho de estar com 107 anos e, principalmente, de ser a memória da cidade. Ela vivia contando histórias", lembra a neta Adriana Sahadi Albarello, 50.

Não era, porém, apenas a história de Brodowski que Tita guardava. Ela e o marido foram amigos do mais ilustre morador da cidade, o artista plástico Candido Portinari.

Apesar do sucesso internacional de Portinari, Tita brincava que seu marido era melhor artista que Candinho, como ela se referia ao amigo.

Além de "guardar" a história de Brodowski, era conhecida por gostar das festividades do município e por ter trabalhado como costureira, confeiteira e também tesoureira da prefeitura.

Neste ano, tornou-se exemplo ao fazer questão de votar nas eleições presidenciais. Ela, que votou pela primeira vez aos 26 anos —quando as mulheres conquistaram esse direito—, não perdia uma eleição. "Voto de coração e porque tenho opinião", afirmou à Folha antes de votar no último dia 26 de outubro.

Dona Tita, que afirmava que o segredo de sua longevidade era amar o próximo, morreu na terça-feira (25) em um hospital de Brodowski, onde estava internada devido a uma pneumonia.

Deixa três filhas, três netos e três bisnetos.

coluna.obituario@uol.com.br


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