Folha de S. Paulo


Acusado de abusos em escola de SP, ex-monitor diz que é inocente

Preso desde maio sob a suspeita de ter abusado de três alunas de três anos de um colégio de Barueri, o ex-funcionário da escola Antônio Bosco de Assis, 44, disse ao "Fantástico" que é inocente.

A detenção tem como base apenas o reconhecimento e o depoimento das crianças, conforme revelou a Folha na última terça-feira (18).

Outros dois funcionários foram desligados da escola por suspeita de participarem do mesmo crime, mas apenas Assis foi detido sob suspeita de ter abusado das alunas.

De acordo com a denúncia do Ministério Público, no dia 22 de abril deste ano Assis teria se aproveitado do descuido de monitores e seguranças e levado as três crianças do prédio da educação infantil ao de educação física. Lá ele teria tirado a roupa das crianças e tocado nas partes íntimas delas.

A primeira acusação foi feita por uma das meninas que contou a história para a babá. Ela falou para os pais da criança. Uma parente de uma outra menina que acompanhou todo o processo, mas pediu para que sua identidade não fosse revelada pelo programa, disse que as suspeitas começaram quando elas se queixaram de assaduras.

"Elas falaram ele me colocava no colo, abaixava a minha calcinha e mexia. Uma delas usou a expressão bimbinha fazendo gestos com o dedo. A outra criança na sequência dizia eu não gostava que ele fazia isso. Eu falava que doía", falou a mulher ao repórter.

Na delegacia, Assis foi colocado ao lado de quatro homens e uma das meninas fez o reconhecimento presencial. O delegado perguntou: "Quem é o tio Antônio malvado?".

De imediato, a menina apontou para Assis. O segundo da esquerda para a direita. Ela disse: "Bate nele, bate no bumbum dele".

A promotora que estava presente no reconhecimento ao suspeito perguntou o que ele teria feito. A menina disse: "o tio colocou o dedo aqui" apontando para o bumbum.

A outra menina ficou nervosa e fez o reconhecimento de Assis por foto. A terceira criança também reconheceu o inspetor de alunos na fotografia. No mesmo dia do reconhecimento o ex-monitor foi preso.

SUSPEITO PRESO
O ex-monitor disse ao Fantástico que participou de uma peça de teatro na semana de Páscoa na escola. Na peça ele fazia um menino travesso e malvado.

Segundo o ex-monitor do colégio Mackenzie Tamboré, depois da peça ele ficou conhecido na escola entre os alunos como o tio malvado.

"Depois que houve essa peça, eu fiquei conhecido na escola, entre eles, como o tio malvado. Eles saíam do carro: "Olha o tio malvado. Mamãe, olha o tio malvado", disse Assis na entrevista, realizada na prisão.

Na entrevista ao programa dominical, o ex-monitor falou que um policial o algemou e falou que a partir daquele momento ele estava preso.

" Meu mundo desabou naquele instante. Eu olhei aquela algema na minha mão: `O que está acontecendo? O que é isso aqui?'. Não tive explicação nenhuma", diz Antonio.

DEFESA

O delegado do caso, Alexandre Palermo, declarou em uma rede social que a polícia não sabe onde, como ou quando ocorreu o suposto crime.

Um parecer psicológico chegou a ser feito três meses depois do primeiro relato das crianças. Duas reafirmaram o suposto abuso, mas uma delas - a primeira a denunciar-desta vez negou o abuso. Ela disse que ele a machucava só no braço.

O promotor Eduardo Querobim e a juíza Cyntia Straforini não comentam o assunto, alegando sigilo.

Para o advogado dos pais de uma das crianças, o conjunto de provas contra Antônio é robusto. As principais são o laudo psicológico e o reconhecimento do réu pelas vítimas, que demonstraram o que ele teria feito com elas.

Já a advogada de defesa, Anabella Marcantonatos, disse que existe câmeras dentro do ginásio onde fica o prédio da educação física e nos corredores.

"Se estas imagens não foram captadas é porque o meu cliente não passou por elas", disse.

A advogada, que tem três filhas que estudam no mesmo colégio, falou ao Fantástico que ao saber da denúncia queria uma punição e foi atrás de informações para acusar.

Ao acompanhar as investigações, Anabella se convenceu de que Assis era inocente e se ofereceu para defende-lo. Outros 66 pais de alunos assinaram um protesto contra a prisão de Assis.


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