Convocado para ser "a maior dança da chuva do mundo", o evento que pretendia reunir os "torneiras secas" "naufragou" nesta sexta-feira (21). Com 39 mil presenças confirmadas no Facebook, atraiu cerca de 200 pessoas ao vão do Masp, em São Paulo.
O número ficou abaixo do recorde mundial, que é da Irlanda. Segundo o Guinness, 395 pessoas fizeram em 2011 a dança indígena no país.
Com um megafone, Leonardo Arcoverde, 34, um dos organizadores, conduziu a coreografia. Os manifestantes fizeram um círculo e, ao som de baldes usados como tambores, giraram batendo palmas e pés. Ao céu, clamavam: "Chu-va; chu-va; chu-va".
Nascido no Parque Nacional do Xingu, Altukumã Yawala-Piti, 21, mora em São Paulo há um ano e deu uma força ao ritual. "Achei legal, mas é muito diferente [na tribo]. Quem pode fazer isso são os mais velhos, que têm mais poder."
Apesar da baixa adesão, os organizadores ficaram satisfeitos. "O recorde é secundário. A intenção era chamar atenção para a falta de água em São Paulo", disse o publicitário Eduardo Lunardi, 24.
A ideia da dança surgiu em uma aula do curso que Arcoverde e Lunardi, ambos publicitários, fazem sobre direção de arte. Um professor pediu aos alunos uma proposta de trabalho na rua e eles resolveram falar sobre a crise da água.
A data não foi escolhida por acaso. Em setembro, o secretário de Recursos Hídricos, Mauro Arce, disse que a primeira cota do volume morto do sistema Cantareira duraria até 21 de novembro. O sistema já está na segunda cota e opera abaixo dos 10%.
Para a alegria dos manifestantes, após a dança, começou a garoar um pouco. O chuvisco, porém, durou pouco.
Mas neste sábado (22), a cidade deve ter tempo instável e pancadas de chuva, segundo a Somar Meteorologia. Já neste domingo (23), pode chover a qualquer hora do dia.
A boa notícia é que este domingo também deverá ser chuvoso nos mananciais do sistema Cantareira. No litoral, o volume elevado de chuvas pode causar transtornos.