Folha de S. Paulo


Pais de alunos saem em defesa de ex-monitor preso por suspeita de abuso

Um grupo de pais de alunos de um colégio de classe média alta de Barueri, na Grande São Paulo, organizou um abaixo-assinado em defesa de um ex-funcionário da escola acusado de abusar de três crianças de três anos.

O abaixo-assinado, com 66 assinaturas, foi entregue à advogada do acusado, Anabella Marcantonatos, que também é mãe de alunas do colégio Mackenzie Tamboré, onde teria ocorrido o abuso.

Editoria de arte/Folhapress

A advogada se declara convencida da inocência do réu, após ter realizado uma investigação por conta própria antes de assumir essa causa.

Antônio Bosco de Assis, 44, está preso desde 8 de maio, acusado pela Promotoria de se aproveitar de um descuido da professora e de outra monitora para tocar os genitais das três meninas durante uma aula de educação física em 22 de abril.

A prisão de Antônio tem como base apenas relatos das crianças. A Polícia Civil e o Ministério Público não apresentaram provas técnicas.

Para o advogado das famílias das meninas, as provas contra Antônio são robustas e contam principalmente com o reconhecimento do ex-monitor pelas três crianças.

Conforme a Folha revelou nesta terça (18), não há, no processo, imagens das câmeras da escola (apesar de terem sido analisadas), laudos médicos periciais (apesar de solicitados) nem a análise do computador do réu (apesar de ter sido apreendido).

Procurado, o colégio afirma aguardar a sentença, antes de se pronunciar. O delegado Alexandre Palermo, o promotor Eduardo Querobim e a juíza Cyntia Straforini não comentam o processo, que está em segredo de Justiça.

"Depois que apareceu a denúncia, por que não surgiram mais casos?", questiona a enfermeira Simone Santos, 42, que tem uma filha de dez anos no colégio e diz acreditar na inocência de Antônio.

"A gente só quer um julgamento justo", afirma.

ESCALA E CÂMERAS

Na data apontada pela Promotoria como o dia do abuso, Antônio estava escalado para o prédio da educação infantil, e não para o da educação física, onde, segundo a polícia, aconteceu o crime.

Segundo a pedagoga Eliana Rosa, 47, que tem três filhos no Mackenzie e foi coordenadora da educação infantil do colégio por 15 anos, a escala de trabalho apertada não permite que os funcionários saiam de suas funções.

"Qualquer funcionário que saia do seu posto gera uma confusão que é imediatamente percebida", afirma Eliana. "Nunca houve suspeitas contra o Antônio", completa.

Segundo funcionários e pais de alunos, o Mackenzie não tem câmeras nas salas, mas sim no trajeto entre os prédios. Para eles, se Antônio tivesse se deslocado do prédio para o qual estava escalado até o da educação física, onde teria acontecido o crime, as câmeras o teriam flagrado.

"Que o colégio apresente as imagens, as provas", diz o empresário Flávio Fujimoto, 37, que conta ter se tornado próximo a Antônio devido à amizade de seu filho, de nove anos, com o ex-monitor.
Os pais se queixam de que o colégio "aceitou como verdade" a versão das famílias denunciantes antes de realizar uma apuração rigorosa.


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