Folha de S. Paulo


Contra crise financeira, Santa Casa de SP vai suspender parte dos exames

Como mais uma medida decorrente da crise financeira pela qual passa a Santa Casa de São Paulo, a instituição anunciou que vai suspender diariamente alguns exames.

Em nota, a superintendência da entidade afirma que a mudança faz parte de uma política de reestruturação, que "resulta em priorização de determinados exames e processos em prol da eficiência operacional". Dessa forma, segundo a Santa Casa, outros procedimentos devem ser definidos como prioritários a cada dia.

A instituição não deu detalhes de como isso ocorrerá, mas afirma que a decisão será tomada "com base em estudos e no alinhamento das equipes médicas". Na última semana, ao menos 25 exames foram suspensos devido à falta de materiais, segundo funcionários.

Um comunicado interno foi distribuído a setores do hospital central. A informação foi divulgada nesta segunda (17) pelo jornal "O Estado de S. Paulo".

Ainda nesta segunda, pacientes encontravam dificuldade para ser atendidos no laboratório central da unidade. A Folha apurou que cerca de cem foram dispensados ou não puderam fazer todos os exames solicitados.

Robson Ventura/ Folhapress
Pacientes aguardam atendimento na Santa Casa de São Paulo
Pacientes aguardam atendimento na Santa Casa de São Paulo

Algumas análises de urina e sangue, por exemplo, não estão sendo feitas devido à falta de frascos e reagentes. Exames para detecção de tuberculose e hepatite E também foram afetados.

Uma mulher ouvida pela reportagem, que não quis ser identificada, conta que seu filho, em tratamento de problema renal, não conseguiu ser atendido no laboratório.

"Ele teve que passar por consulta sem fazer todos os exames", relata a mãe.

Em julho, a Santa Casa chegou fechar o pronto-socorro central por cerca de 30 horas, alegando falta de materiais e de medicamentos.

A instituição, a maior entidade filantrópica da América Latina, possui uma dívida de cerca de R$ 440 milhões.

ESTRATÉGIA

Na nota, a superintendência afirma que a medida é "comum no setor hospitalar, especialmente em momentos de crise financeira".

"A instituição, porém, escolhe estrategicamente os procedimentos de maneira que a priorização [...] não ofereça riscos ao paciente", diz no comunicado.

A instituição afirma ainda que tem apoio do Estado e da prefeitura para ajudar no abastecimento das unidades com materiais hospitalares.

Porém, a secretaria estadual de Saúde diz que não havia recebido nenhum pedido formal de auxílio até esta segunda-feira.


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