Folha de S. Paulo


Fábio de Arruda Zamith (1924-2014) - Dom Joaquim cativou de adultos a crianças

As homilias do abade dom Joaquim de Arruda Zamith eram recheadas de histórias que marcaram sua vida. Iam de viagens em que conheceu novas culturas ao treinamento militar a que foi submetido durante a Segunda Guerra.

A exemplo de um "velho vovô", cativava com seu bom humor de adultos a crianças —no velório, algumas delas deixaram flores e desenhos. Interessado em novas tecnologias, dava-se muito bem também com os jovens.

Recebia carinhos até da pastora alemã Rebeca, que vivia no Mosteiro de São Bento de Vinhedo (SP). Na noite anterior à morte de dom Joaquim, a cachorrinha foi até o quarto dele para se despedir: lambeu-lhe os pés enquanto outros monges faziam vigília.

Considerado um intelectual da Igreja Católica, traduziu a chamada "Bíblia de Jerusalém". Destacou-se por sua simplicidade e pelo modo como tratava as pessoas; era muito aberto ao diálogo com protestantes e judeus.

Gostava de pão de queijo e apreciava tudo o que era feito com banana ou chocolate, além de um bom vinho do Porto —ficou felicíssimo quando, depois de sofrer uma isquemia, o médico recomendou-lhe que tomasse duas doses da bebida por dia para "afinar o sangue".

Após viver no Mosteiro de São Bento de São Paulo, mudou-se para Vinhedo, na região de Amparo (SP), onde passou a infância –quando ainda era chamado por Fábio, seu nome de batismo.

Há menos de dois meses, celebrou seus 90 anos no Santuário de Fátima, em Portugal. Morreu na segunda (10), após sofrer um AVC (acidente vascular cerebral). Deixa uma irmã e sobrinhos.

coluna.obituario@uol.com.br


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