Folha de S. Paulo


Cercada pelo agito, Fradique Coutinho estreia como nova estação pré-balada

A mais nova estação de metrô de São Paulo, a Fradique Coutinho, teve seu fim de semana de "esquenta". Por causa de sua localização estratégica, entre bares, restaurantes e boates de Pinheiros e Vila Madalena, a obra já se mostrou como mais uma estação pré-balada dos paulistanos.

Entre as outras paradas, que reúnem figuras da noite, estão as estações Consolação (linha 2-verde) e Paulista (4-amarela), por causa do burburinho da rua Augusta e arredores; e República (3-vermelha e 4-amarela), principal reduto LGBT da cidade.

Com a estreia da 68ª parada de São Paulo, o casal Giulia de Novelli, 19, e Caio Pierre Martinho, 22, acredita que a estação vai se transformar em "polo de entretenimento, referência turística para brasileiros e estrangeiros". Com o metrô, eles pretendem explorar mais aquela região.

Moradora de Santana (zona norte), a supervisora de intercâmbio Maria Cecília Silva, 32, deixou o carro em casa para ir de metrô a um aniversário de uma amiga, num bar na rua Teodoro Sampaio.

"Que bacana seria se essas estações, que ficam ao lado de lugares movimentados à noite, funcionassem até de madrugada", disse ela, na saída da parada, ainda procurando a direção certa.

'PERTINHO' DA VILA

Inaugurada no último sábado (15), nove anos e quatro meses depois da primeira escavação, a estação Fradique Coutinho (linha 4-amarela) custou R$ 173 milhões.

O fim de semana de estreia foi tranquilo, mas faltou senso de direção aos baladeiros. "Estou indo a uma festa ali na Vila Madalena, mas não sei o caminho", disse Gabriela Gaab Conceição, 28, coordenadora de projetos, que reside na Lapa. "Não costumo vir para cá. Minha praia é a praça Roosevelt. Ainda bem que tem um ponto de táxi."

A nova estação também está cercada por uma das maiores concentrações gastronômicas da capital paulista: são ao menos 52 estabelecimentos nas imediações do metrô.

"Estou perdida. Não circulo por essas bandas, mas, agora com a estação, quero voltar", disse a assistente comercial Fernanda Almeida, 36, da zona leste, que esperava pela carona de um amigo para ir a um bar de rock.

Desorientada, a estudante Milca Endo, 18, estava com outros 20 amigos, que procuravam o caminho para uma balada na rua Girassol, na Vila Madalena. "Não faço ideia para que lado a gente vai", disse, enquanto seu amigo, o orçamentista Marcos Vinícius Silva, 18, sacava do bolso um smartphone. "Ainda bem que existe o Waze [aplicativo de navegação]." O app calculava que os baladeiros iriam caminhar ao menos 1,7 km da estação de metrô até a festa.

Já a operadora de telemarketing Paloma dos Santos, 19, reduziu a pernada até a boate que frequenta. "Nossa! Agora que percebi: são só duas quadras. De madrugada, vai fazer diferença."

Gaúcho de Alvorada, o professor de capoeira Daniel Costa, 36, seguia com 20 colegas, de diferentes partes do Brasil, para um samba de roda, a cinco quadras dali. "Antes de sairmos, nós consultamos o Google Maps. É muito bem localizada essa estação."

Que o diga a fotógrafa Célia Mari Weiss, 55, que vive ali em Pinheiros há nove anos e estava ansiosa pela estreia. "Antes, descia na estação Faria Lima e subia a rua Teodoro Sampaio, que, à noite, fica muito vazia e escura", disse ela, que concilia o uso de bike com o de metrô.

Na opinião de Célia, o problema será o horário de rush durante a semana –o Metrô prevê que 15 mil pessoas utilizem diariamente a estação, número que salta para 25 mil, nos cálculos da concessionária ViaQuatro. Entre esta segunda (17) e sexta (21), o funcionamento será das 10h às 15h. A partir de sábado (22), volta ao horário normal. Para a alegria dos baladeiros.

Editoria de Arte/Folhapress

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