Folha de S. Paulo


Alckmin nega que tenha segurado reajuste da água por causa da eleição

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou neste sábado (15), feriado da Proclamação da República, que não houve motivação política na aplicação do reajuste na conta de água.

"Não tem nada a ver com eleição", disse o tucano durante a inauguração da estação Fradique Coutinho, da linha 4-amarela, em Pinheiros (zona oeste). "Quando foi o último aumento da Sabesp? Foi em dezembro de 2013. Você não vai fazer aumento de seis em seis meses", completou.

Pouco mais de um mês após a reeleição de Alckmin, o governo de SP anunciou o aumento da conta de água dos consumidores a partir de dezembro. O reajuste ocorrerá em meio a mais grave estiagem já registrada no Estado e sete meses após a gestão tucana ter recebido autorização para a aplicação desse aumento.

Quando recebeu aval da Arsesp (agência reguladora de saneamento e energia), em abril passado, o governo Alckmin abdicou desse direito e anunciou que o aumento da conta de água ocorreria em um momento oportuno até o mês de dezembro. Agora, o reajuste deve ser superior aos 5,4% autorizados sete meses atrás.

Após pedido de reavaliação feito pela direção da Sabesp (estatal do governo paulista), a agência pode incorporar ao índice a inflação acumulada nesse intervalo (quase 3%, pelo IPCA). A resposta sobre o valor final deve ser dada pela Arsesp nos próximos dias.

Em nota à imprensa, a Sabesp, ressaltou que em 2014 não foi feito nenhum reajuste na conta e que a definição do percentual é uma responsabilidade da Arsesp. O último aumento na conta de água, em dezembro do ano passado, foi de 3,15%. O reajuste vai ocorrer em meio a incertezas sobre o abastecimento de água durante o ano de 2015.

O governador também voltou a negar a possibilidade de racionamento. "Já estamos terminando o período seco. Nem entramos praticamente na segunda reserva técnica e até sexta-feira entra mais meio metro cúbico por segundo do Guarapiranga", disse.

Questionado sobre as perspectivas para 2015, o governador afirmou que a Grande São Paulo ficará cada vez menos dependente do sistema Cantareira.

Lalo de Almeida/Folhapress
Manifestantes acompanham Alckmin durante a inauguração da estação Fradique Coutinho na zona oeste de SP
Manifestantes acompanham Alckmin durante inauguração da estação Fradique Coutinho, na zona oeste

QUEDA NO LUCRO

Em comunicado ao mercado, a Sabesp anunciou nesta sexta-feira (14) uma queda em seu lucro líquido de 80,7% na comparação entre o terceiro trimestre deste ano e o mesmo período do ano passado.

O lucro líquido da companhia, de julho a setembro, foi de R$ 91,5 milhões, contra R$ 475 milhões dos mesmos meses de 2013. No período, as despesas aumentaram 40%.

O faturamento pode cair ainda mais no último trimestre, já que o governo resolveu expandir os beneficiados pelo bônus. A partir de novembro, quem economizar acima de 10% já podem se beneficiar do desconto –antes a meta mínima era de 20%.

Em outubro, o índice de adesão ao programa permaneceu em 75%, entre os que conseguiram o bônus e aqueles que reduziram o consumo, mas não atingiram a meta. O bônus deve ser mantido ao menos até o final de 2015.

Simulações mostram que o sistema Cantareira só deve voltar ao normal a partir de quatro anos, se as chuvas forem dentro da média. Apesar da queda no lucro e dos esforços para a diminuição do consumo, a venda de água feita pela empresa caiu 0,8% de 2013 para 2014.

Em depoimento à Promotoria, o diretor metropolitano da Sabesp, Paulo Massato, disse que, se não chover bastante nos próximos dois anos, pode faltar água e luz em São Paulo, segundo a TV Globo.


Endereço da página:

Links no texto: