Pouco mais de um mês após a reeleição de Geraldo Alckmin (PSDB), o governo de SP anunciou o aumento da conta de água dos consumidores a partir de dezembro.
O anúncio ocorre em meio a mais grave estiagem já registrada no Estado e sete meses após a gestão tucana ter recebido autorização para a aplicação desse aumento.
Quando recebeu aval da Arsesp (agência reguladora de saneamento e energia), em abril passado, o governo Alckmin abdicou desse direito e anunciou que o aumento da conta de água ocorreria em um momento oportuno até o mês de dezembro.
Agora, o reajuste deve ser superior aos 5,4% autorizados sete meses atrás.
Após pedido de reavaliação feito pela direção da Sabesp (estatal do governo paulista), a agência pode incorporar ao índice a inflação acumulada nesse intervalo (quase 3%, pelo IPCA).
A resposta sobre o valor final deve ser dada pela Arsesp nos próximos dias.
A Folha questionou Sabesp e Palácio dos Bandeirantes se as eleições pesaram na decisão de segurar o aumento e somente anunciá-lo agora. O palácio negou qualquer tipo de influência.
Já a Sabesp, em nota à imprensa, ressaltou que em 2014 não foi feito nenhum reajuste na conta e que a definição do percentual é uma responsabilidade da Arsesp.
O último aumento na conta de água, em dezembro do ano passado, foi de 3,15%.
O reajuste vai ocorrer em meio a incertezas sobre o abastecimento de água durante o ano de 2015.
QUEDA NO LUCRO
Nesta sexta-feira (14), em comunicado ao mercado, a Sabesp anunciou uma queda em seu lucro líquido de 80,7% na comparação entre o terceiro trimestre deste ano e o mesmo período do ano passado.
O lucro líquido da companhia, entre julho e setembro deste ano, foi de R$ 91,5 milhões, contra R$ 475 milhões dos mesmos meses de 2013.
No período, as despesas da empresa aumentaram 40%. O faturamento da companhia pode cair ainda mais no último trimestre, já que o governo resolveu expandir os beneficiados pelo bônus.
A partir de novembro, pessoas que economizarem acima de 10% já podem se beneficiar do desconto –antes a meta mínima era de 20%.
Em outubro, o índice de adesão ao programa permaneceu em 75%, entre os que conseguiram o bônus e aqueles que reduziram o consumo mas não atingiram a meta.
O sistema de bônus deve ser mantido, pelo menos até o final do ano que vem.
Simulações mostram que o Cantareira, principal sistema que atende a região metropolitana de São Paulo, só deve voltar ao normal a partir de quatro anos, se as chuvas forem dentro da média.
Apesar da queda no lucro e dos esforços para a diminuição do consumo, a venda de água feita pela empresa caiu 0,8% de 2013 para 2014 –comparação dos primeiros nove meses de cada ano.
RESERVATÓRIOS
Com a forte chuva que atingiu a cidade de São Paulo no final da tarde desta quinta-feira (13), o nível do sistema Cantareira, que atende a 6,5 milhões de pessoas, parou de cair.
De acordo com a Sabesp, o nível do sistema nesta sexta-feira (14) está em 10,8% de sua capacidade, o mesmo valor registrado nesta quinta.
Desde o começo do mês de novembro, o reservatório já caiu 1,4 ponto percentual. No dia 1° de novembro, o índice era de 12,2%. Esse percentual já inclui a segunda cota do volume morto.