Folha de S. Paulo


Estudantes de medicina se silenciam sobre relatos de abuso sexual na USP

Após os relatos de estupros dentro da Faculdade de Medicina da USP, estudantes mantêm o silêncio. Quase ninguém quer falar sobre as denúncias -os que falam dizem pouco saber dos casos.

A Folha abordou 18 pessoas na tarde desta quinta (13) dentro da unidade, na avenida Doutor Arnaldo, zona oeste de São Paulo. Apenas três alunos falaram, mas na condição de anonimato.

"Já é muito bafafá em cima disso, chega", disse uma estudante. "Troca o período do curso e a idade se você puder", afirmou outra.

Alunos que aceitaram dar entrevista dizem que os casos de abuso são isolados. Também negam haver uma cultura de violência sexual na faculdade, embora confirmem algumas práticas, como a presença de prostitutas em festas e "brincadeiras".

"Isso que estão mostrando não é a universidade. Sempre me respeitaram", disse uma aluna do segundo ano.

"Tem muita gente de fora nessas festas, não é só aqui", afirma outro estudante.

Outra jovem contou que nunca presenciou abusos. "Só ouvi falar da menina estuprada por um funcionário, e que os alunos teriam batido no cara", afirmou.

Ela relata receio de que as denúncias afetem a imagem da faculdade. "Se algum estudante fez isso, ele não deve se formar, mas a USP é maravilhosa", disse.


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