Folha de S. Paulo


Peladas de Porto Alegre levam polícia a vigiar atos marcados pela internet

Após uma série de casos recentes de nudez em público em Porto Alegre, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul vai monitorar as redes sociais em busca de atos marcados por simpatizantes dos "pelados".

Quatro pessoas foram flagradas sem roupas em ruas e parques. Ao menos duas das três mulheres têm transtornos mentais, segundo a Secretaria da Saúde. O comandante do policiamento de Porto Alegre, coronel João Godoi, justifica a preocupação. "Hoje tudo vira moda", diz.

O primeiro caso foi no último dia 30, quando uma mulher de 30 anos tirou a roupa e correu em um dos principais parques da cidade. Ela foi detida por policiais militares e levada a uma unidade especializada em psiquiatria.

Dias depois, outra mulher, de 34 anos, foi filmada por uma equipe de TV andando sem roupa em uma avenida movimentada da cidade. Ela também foi encaminhada a um serviço de saúde mental.

Depois, imagens de um travesti andando nu pelo centro circularam nas redes sociais. A identidade do autor e do fotografado não é conhecida.

No último domingo (9), um fotógrafo da agência Futurapress clicou uma mulher correndo apenas de tênis e boné em uma ladeira da região central que costuma ficar deserta nesse dia, porque abriga uma escola e uma ala do palácio do governo. Não se sabe quem é a moça.

O corretor João Inácio Silveira afirma ter visto a mulher correndo nua, mas não reparou que havia um fotógrafo. "Parou um carro, ela entrou e foram embora", diz.

A polícia não tem informações sobre o episódio. A reportagem não conseguiu localizar o fotógrafo. Há rumores na cidade de que possa ser uma ação de marketing.

Diante da repercussão dos casos, encontros de "pelados" começaram a ser marcados por meio da internet.

No último domingo, centenas confirmaram pelo Facebook a participação em uma "passeata pelada". Poucos compareceram, e apenas um participante topou tirar a roupa. Ele dizia protestar pelos direitos dos ciclistas.

No Facebook, quase 10 mil pessoas afirmaram que participarão domingo de um ato batizado de "Correr pelado/a em Porto Alegre". Outro evento está marcado para a semana que vem.

Até um jogo de celular foi inspirado na sequência de casos. Chamado "Corrida Pelada POA", ele traz uma loira nua sendo perseguida por um guarda em um parque.

INTERNAÇÃO

Andar nu em espaços públicos pode ser considerado um ato obsceno, o que rende até um ano de prisão.

O psiquiatra Carlos Pacheco, da Secretaria da Saúde de Porto Alegre, afirma que a mulher flagrada nua no Parcão tem histórico de transtornos mentais e "não tinha capacidade crítica" sobre o que fez. "Não foi um ato organizado, consciente", diz.

O segundo caso é semelhante, e as duas moças ficaram um dia em observação em uma unidade de saúde, onde passaram por avaliações psiquiátricas. Familiares foram chamados e afirmaram que pretendiam continuar o tratamento fora da rede pública de saúde.

Amigo da segunda mulher flagrada sem roupa, o treinador de MMA Pércio Rodrigues diz que ela passava por problemas pessoais e pode ter vivido um "pico de estresse" antes de tomar essa atitude. "Foi uma surpresa para todo mundo", disse ele.


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