Folha de S. Paulo


Cemitério no Rio quer virar ponto turístico

Situado na rua 5 do cemitério São João Batista, o túmulo de Tom Jobim ganhou um QR Code -código conectado a informações sobre a vida do compositor, que pode ser lido por telefone celular.

Inaugurado em 1852 por D. Pedro 2º, o cemitério em Botafogo, na zona sul do Rio, está sendo remodelado -quer virar ponto turístico.

Neste domingo (2), Dia de Finados, visitantes poderão ler sobre outros 149 personagens históricos e celebridades de outrora cujos túmulos também têm códigos.

Por seu tamanho, o ícone corre o risco de não ser notado, principalmente nos túmulos muito grandes ou adornados, como a lápide de Cazuza, identificada com a frase "O tempo não para", nome de uma de suas canções.

Editoria de arte/Folhapress
FINADOS FAMOSOS Cemitério São João Batista, no Rio, quer atrair mais turistas
FINADOS FAMOSOS Cemitério São João Batista, no Rio, quer atrair mais turistas

A lista de moradores inclui ainda os compositores Vinicius de Moraes e Villa-Lobos, as cantoras Clara Nunes -que é quem mais atrai visitantes- e Carmen Miranda, os ex-presidentes Arthur Bernardes e Floriano Peixoto, os escritores Graciliano Ramos e Nelson Rodrigues, os pintores Portinari e Di Cavalcanti.

Cemitérios como o da Recoleta, em Buenos Aires, e o Père Lachaise, de Paris, servem de inspiração. Este último reúne nomes da literatura como Proust, Balzac e Oscar Wilde.

GUIADO

Outra novidade adotada no cemitério carioca são as visitas guiadas.

"A morte iguala a todos", diz o professor e historiador Milton Teixeira diante do caixão de Luís Carlos Prestes, durante o passeio na última quinta-feira (30).

Em alguns pontos do roteiro de duas horas, o trajeto é bloqueado por jazigos erguidos de forma irregular.

Em julho de 2013, reportagem da TV Globo mostrou que funcionários da Santa Casa de Misericórdia (que administrava o cemitério) estavam construindo túmulos sem autorização e em áreas de circulação. Cobravam até R$ 300 mil por um jazigo perpétuo.

Após a denúncia, a prefeitura abriu licitação, vencida pelo consórcio Rio Pax, que assumiu em agosto passado a administração.

A nova gestão iniciou um mapeamento dos túmulos existentes no local. Por ora, a venda de jazigos está suspensa por ordem do município. Só é possível alugar espaço temporário na ala de gavetas, setor menos valorizado.

"Vamos começar um recadastramento para identificar jazigos abandonados ou sem nenhuma pessoa sepultada", disse Lourival Panhozzi, diretor da Rio Pax, que cogita transferir sepulturas instaladas em áreas sem autorização.

Moradora de Copacabana, bairro vizinho a Botafogo, Maria Helena Sampaio de Almeida, 67, já tem seu lugar garantido na área apelidada de Vieira Souto do São João Batista -referência à rua mais nobre de Ipanema.

"Minha família é vizinha do Cazuza, da Carmen Miranda e da Clara Nunes. Fica ali naquele miolinho", disse Maria Helena.

Ela participou da visita guiada na semana passada: "Fiquei sabendo pelo rádio. Gostei muito. Meus pais moram aqui, então já aproveitei e fiz uma visitinha para eles".


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