Folha de S. Paulo


USP manda suspender obras após gasto de R$ 160 milhões

Após gastar ao menos R$ 160 milhões em quatro grandes projetos, a USP decidiu suspender, por tempo indeterminado, as obras por falta de verbas.

Entraram na lista de um total de cerca de 80 projetos cancelados o Parque de Museus, o Centro de Convenções, o Centro de Difusão Internacional e a ampliação do edifício do auditório Camargo Guarnieri.

No caso do Parque dos Museus, que abrigaria os museus de Zoologia e de Arqueologia e Etnologia, foram gastos R$ 36 milhões, mas seriam necessários mais R$ 210 milhões para concluir o projeto do arquiteto Paulo Mendes da Rocha.

Gustavo Epifanio/Folhapress
Obra do Centro de Convenções da USP; obra ficará suspensa por tempo indeterminado
Obra do Centro de Convenções da USP; obra ficará suspensa por tempo indeterminado

As obras foram contratadas na gestão anterior, do reitor João Grandino Rodas. O novo reitor, Marco Antônio Zago, anunciou em junho que investimentos já autorizados de R$ 460 milhões em obras seriam cancelados.

Outro caso de obra que ficará inacabada e sem uso é a do Centro de Convenções, que está com a construção quase pronta. Só neste projeto, R$ 100 milhões já foram investidos. Ainda seriam necessários R$ 40 milhões em obras do edifício e ruas no entorno e R$ 6 milhões em móveis e equipamentos para os auditórios para que o prédio entrasse em funcionamento.

REEQUILÍBRIO

Segundo a reitoria, o cancelamento das obras faz parte de "medidas de reequilíbrio orçamentário da Universidade" e a retomada delas não tem prazo para ocorrer.

Sobre o Parque de Museus especificamente, a reitoria afirma que havia "muitas dúvidas e imprecisões" sobre qual seria a solução técnica para concluir a obra do parque, pois havia incompatibilidade de projetos. Esses problemas levariam a um acréscimo de contrato de 25%, o que não é permitido por lei.

O órgão informou ainda que a obra prosseguiu o suficiente apenas para evitar desmoronamento da encosta do entorno e para garantir que o que já foi construído não se deteriore durante a paralisação.

A USP passa atualmente pela maior crise de sua história, com uma folha de pagamentos que supera seu orçamento. A universidade gasta, apenas com professores e outros funcionários, 5% a mais do que recebe do governo para se manter.

Esse deficit fez a reitoria cancelar a discussão sobre reajustes salarial no início do ano, o que provocou a mais longa greve da USP, de 116 dias. A paralisação culminou, em setembro, com a concessão de aumento salarial de 5,2% aos servidores.


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