Folha de S. Paulo


Polícia Civil suspeita do envolvimento de traficantes em chacina no Rio

A Polícia do Rio trabalha com a hipóteses de os cinco jovens mortos em Duque de Caxias, município da Baixada Fluminense, na noite de segunda-feira (13) tenham sido vítimas de crime premeditada por traficantes ou por alguma milícia.

De acordo com o delegado assistente da Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense, João Luiz Costa, as informações preliminares coletadas na área do crime dão conta de que quatro homens encapuzados e com roupas camufladas saltaram de um carro branco armados com pistolas.

Um outro carro também estaria com o grupo. Inicialmente os homens teriam questionado se os jovens tinham ligação com o tráfico de drogas local. Eles primeiro teriam agredido e depois atirado para matar. A teoria da mortes premeditada é reforçada pelo fato de que algumas vítimas apresentavam tiros na cabeça e nenhum pertence foi levado.

Um adolescente de 12 anos sobreviveu e passou, durante a madrugada, por uma cirurgia por conta de um tiro no abdômen. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, o jovem foi operado e passa bem.

Policiais colheram informações de maneira informal com o garoto, que terá seu depoimento tomado quando tiver uma melhora em seu estado de saúde. Esse rapaz, disse o delegado, teria conseguido fugir dos bandidos, mas foi atingido mesmo assim. "Só não morri porque a munição acabou", teria dito ele. A reportagem não conseguiu até o momento localizar parentes das vítimas.

Segundo Costa, há indícios de que o local em que os jovens foram mortos, uma rua no bairro conhecido como Parque Paulista, era um ponto de venda de drogas. A polícia trabalha com a hipótese de que os jovens possam ter sido mortos por traficantes da facção rival da que atua no local ou por milicianos. Nesses dois casos, o motivo seria uma disputa de poder na região.

Também não está descartada a hipótese de que possa ser um grupo de extermínio contratado por comerciantes e empresários locais, devido aos constantes assaltos na área. "Mas isso seria um infeliz retrocesso para a região, já que há muito tempo não se vê crimes com essa característica na Baixada", disse o delegado.

Dois dos cinco mortos eram maiores e foram identificados como Dennis Alberto de Jesus e Paulo Sérgio Marques da Silva. Quando menores, eles responderam por fato análogo a roubo e formação de quadrilha –quando a pessoa é menor de idade, por conta do Estatuto da Criança e do Adolescente, reponde por fato análogo ao crime e não ao crime propriamente dito.

Os três jovens restantes, entre 16 e 12 anos, não tinham ficha criminal. Um dos garotos, inclusive, teria sido morto com uniforme escolar.

O crime ocorreu por volta das 20h30 de segunda. Costa afirmou que as imagens de uma câmera de segurança de um comércio na rua não captou a movimentação do grupo. Uma perícia foi feita ainda de noite de segunda e nesta manhã. Homens da Polícia Civil estão fazendo diligências na região. Um inquérito foi instaurado e tem prazo de um mês para ficar pronto. Ainda não foram coletados depoimentos formais e a perícia nos corpos ainda não está pronta.

"O crime foi cometido por pessoas que sabiam que estavam fazendo. Os criminosos tomaram todo o cuidado de não se identificarem, o que reforça a tese de que não foi um roubo seguido de morte", disse.


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