Moradores de uma favela que pegou fogo no Campo Belo (zona sul de São Paulo) reconstruíram parte dos barracos nas calçadas do bairro de classe média.
O incêndio na comunidade Sônia Ribeiro ocorreu em 7 de setembro. Cerca de 600 famílias ficaram desabrigadas.
Quatro dias depois, em visita à favela, o prefeito Fernando Haddad (PT) autorizou que os moradores reconstruíssem as moradias no terreno de forma provisória.
Para isso, a prefeitura exigia que o assentamento seguisse regras de segurança contra incêndios. No local, Haddad prometeu construir moradias populares.
Editoria de arte/Folhapress |
Os moradores dizem que, como a área está cheia de entulho em resultado do incêndio ocorrido, eles levantaram os barracos nas calçadas de ruas como Vicente Leporace, Xavier Gouveia e avenida Jornalista Roberto Marinho.
Eles dizem que não foram procurados pela prefeitura nem estão recebendo auxílio-aluguel. A prefeitura afirma que os pagamentos serão feitos nesta semana.
"Não vou construir no terreno porque não quero perder tudo em outro incêndio", diz a passadeira desempregada Magneci Ramos, 59.
Zanone Fraissat/Folhapress | ||
A favela do Piolho sofre com falta de água; um incêndio destruiu a comunidade há pouco mais de um mes |
Ela diz que já passou por três incêndios na favela desde 2012. No último deles, perdeu todos os seus móveis.
Sua filha, Silvia Ramos, 32, também reconstruiu o seu barraco. "Fiz porque preciso, não faço questão de ficar nesse bairro nobre que me pisoteia", afirma.
O incêndio na favela Sônia Ribeiro foi considerado criminoso pelo Corpo de Bombeiros. Quando foram combater as chamas, homens da corporação disseram ter sido recebidos com pedras e tiros.
Moradores ouvidos pela Folha negam que isso tenha ocorrido -dizem que as chamas surgiram por acidente.
A Secretaria Municipal de Habitação diz que os barracos nas calçadas não têm autorização e parte dos moradores da favela terá que deixar o local para a construção de moradias populares.