Folha de S. Paulo


Primeiro teste em paciente com suspeita de ebola dá negativo

Deu negativo para ebola o primeiro teste laboratorial feito no paciente com suspeita da doença, Souleymane Bah, 47.

Um segundo teste, cuja amostra será colhida neste domingo (12), ainda será feito para confirmar o resultado.

"O estado de saúde dele é bom, não apresenta febre e está mantido em isolamento total no Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, no Rio de Janeiro (RJ). Se o caso também for descartado como ebola no segundo exame, o paciente sairá do isolamento e o sistema de vigilância dos contactantes será desmontado", diz nota do ministério, divulgada neste sábado (11).

Após a divulgação do resultado, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, afirmou na manhã deste sábado (11) que o Brasil "continua sendo um país com poucas chances de transmissão" do ebola. O ministro elogiou os procedimentos adotados no caso e ponderou que "o passo a passo não teria sido alterado", caso o resultado do exame tivesse dado positivo.

Chioro afirmou ainda que Bah apresenta quadro estável, sem manifestar nenhum sintoma. Também não foram detectados sintomas nas pessoas com quem ele teve contato no Paraná.

O alerta sobre o caso suspeito foi dado após Bah dar entrada em uma unidade de saúde de Cascavel (PR) na tarde desta quinta-feira (9), dizendo ter tido febre, dor de garganta e tosse. Ele chegou ao Brasil, vindo da Guiné (um dos países mais afetados pelo vírus) no dia 19 de setembro, via Guarulhos, segundo o governo federal.

Apesar de não apresentar quadro febril quando chegou à UPA, foi classificado como o primeiro caso suspeito de ebola no país por seu histórico de viagem nos 21 dias anteriores e pelo relato de febre.

Bah, nacional da Guiné, foi isolado na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) e transferido em um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) para o Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas, no Rio. No local, foi colhido o material para esse primeiro exame.

Nesta sexta, o ministro já havia afirmado que o paciente não apresentava febre ou outros sintomas típicos da doença e que o quadro dele era estável.

Se descartada a suspeita com os dois exames laboratoriais, o episódio servirá como um grande "test drive" para averiguar o alerta dos serviços de saúde e cada etapa do protocolo de identificação e tratamento de um potencial caso de ebola.

Editoria de Arte/Folhapress

CONTATOS

Técnicos do ministério enviados ao Paraná identificaram, em conjunto com a secretaria local, 64 pessoas que estiveram em contato com Bah desde o início dos sintomas. Dessas, 60 estavam dentro da UPA e quatro compartilhavam a moradia com o paciente.

Três dos contatos da UPA são profissionais de saúde que tiveram acesso direto a Bah e terão suas temperaturas conferidas duas vezes ao dia; os demais terão a temperatura medida uma vez por dia. Até o momento, nenhum apresentou sintomas.

O ministério classifica como "baixo" o risco de todos os contatos.

O governo mantém as ações para a identificação do ebola no Brasil. Jarbas Barbosa, secretário de vigilância em saúde, argumenta que medidas como o controle de temperatura de viajantes, na chegada ao país, têm pouco efeito prático, já que eventuais passageiros infectados podem chegar assintomáticos. Para o secretário, é mais eficaz fortalecer alertas nos serviços de saúde.

AJUDA

Segundo o ministro Arthur Chioro (Saúde), o Brasil vai ampliar a ajuda humanitária a Guiné, Serra Leoa e Libéria, com a oferta de mais dez kits para o atendimento às vítimas –suficientes, cada um, para cuidar de 500 pacientes por três meses– e cerca de R$ 13,5 milhões em arroz beneficiado e feijão.

Uma nova ajuda em dinheiro deve ser anunciada na próxima semana, para se somar a US$ 500 mil já doados.


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