Folha de S. Paulo


Para encher, sistema Cantareira precisa que chova o dobro do esperado

O sistema Cantareira só ficará completamente cheio se chover o dobro do esperado nos próximos cinco meses, o que é improvável. A estimativa é da consultoria climatológica Climatempo.

O volume teria que ser superior ao recorde registrado em São Paulo, em uma estação chuvosa, entre os anos de 1982 e 1983. Além do grande volume, a água teria que cair de maneira regular e sobre o manancial.

A estimativa não leva em conta a evaporação e o chamado "efeito esponja", que é a água que deve ser usada para reidratar o solo seco até que ele esteja apto para o armazenamento.

Se esses efeitos forem considerados, a chuva deveria ser ainda mais intensa ou mais duradoura.

A Climatempo, assim como outros institutos de meteorologia, prevê um período chuvoso dentro da média para a região do Cantareira.

Nessa condição, o sistema chegaria ao final do período da chuva, em abril, com 21% de sua capacidade.

Nesta semana, o professor da Escola Politécnica da USP Rubem Porto fez estimativa semelhante de que, em abril, o sistema deverá ter 8% de sua capacidade.

Diferente do estudo da Climatempo, Porto usou dados de afluência (água da chuva somada às água dos rios) e fez ponderações sobre o "efeito esponja".

Numa perspectiva mais pessimista dos dados da Climatempo, caso chova a metade do esperado, a água não seria suficiente nem para repor o volume morto, que é usado desde julho.

O volume morto é a porção de água que fica abaixo das tubulações de captação dos reservatórios. Ele vem sendo usado pela primeira vez no sistema Cantareira.

Essa porção deu ao reservatório 18,5% a mais de água. Nesta quinta-feira (9), o Cantareira tinha 5,3% de sua capacidade atual.

Para o mês de outubro, a Climatempo prevê que chova metade da média verificada na região do manancial.


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