Durante 30 anos, Ronaldo tinha um compromisso aos sábados e domingos, às 9 horas: o jogo de dominó com os amigos na AABB (Associação Atlética Banco do Brasil) de Santos, no litoral paulista.
O mesmo compromisso ele teve com o comércio exterior, área na qual trabalhou por 52 anos, nos mais variados cargos. "Ele foi a terceira geração que trabalhou com comércio exterior na família", lembra Raquel, filha caçula.
Devido ao trabalho do pai, José, na alfândega, Ronaldo, nascido em São Paulo, morou em Vitória e em Salvador.
Com 14 anos, mudou-se para Santos, onde cursou contabilidade e direito e onde morou até os últimos dias.
"Quando ele entrou para a alfândega, em 1962, uma vez desceu para ir trabalhar e estava só de calça e camisa social, como os amigos iam", lembra Raquel. "Minha avó mandou ele vestir um terno."
Dona Marly ensinou ainda o respeito às mulheres, conta a filha caçula. "Meu pai andava sempre do lado de fora da rua quando acompanhado por uma moça, abria a porta do carro."
Via a mulher, Léa, todo dia no ônibus do trabalho. Ambos eram tarifeiros na alfândega do porto de Santos. O casamento completou 55 anos em agosto último.
Raquel conta que, para celebrar a data, o pai foi à floricultura e trouxe três ramalhetes de flores. No cartão: "Para Léa, minha eterna namorada", como se referia à mulher. Ao vender as flores, o vendedor disse: "O senhor parece um jovem apaixonado".
Morreu no dia 29 de setembro, aos 78, de infarto. Deixou a viúva Léa, quatro filhos, seis netos e uma bisneta.