Folha de S. Paulo


Contra reintegração de terreno, sem-teto fazem ato na zona oeste de SP

Um grupo de sem-teto fez um protesto na noite desta terça-feira (30) na zona oeste de São Paulo contra a reintegração de posse do terreno onde está, desde o início do mês, a ocupação Chico Mendes.

O grupo saiu em passeata por volta das 18h30 e cerca de 30 minutos depois fechou os dois sentidos da avenida Francisco Morato, na altura do número 4.000. O grupo fez barricadas com pneus e outros objetos, que foram incendiados até por volta das 20h. Segundo os manifestantes, cerca de 800 pessoas participaram do ato.

Os manifestantes afirmam ter recebido na segunda-feira (29) a ordem de reintegração de posse do terreno, entregue por um oficial de justiça. A Secretaria Municipal de Habitação e o Tribunal de Justiça foram procurados, mas afirmaram não ter informações sobre a reintegração do local.

"A nossa manifestação de hoje é para dar um recado ao Haddad. Para ver se ele vai ter a coragem de, às véspera das eleições, despejar essas famílias sem dar uma solução para o problema de moradia delas", afirmou Natália Szermeta, coordenadora do MTST.

A ocupação começou na última sexta-feira (5) em uma área pública, que fica entre o cemitério Ghethsêmani e um condomínio de alto padrão. Um trecho do lote, que não foi invadido, é particular. Segundo os sem-teto, a área de 30 mil m2 estava abandonado e é uma Zeis (zona especial de interesse social) desde agosto, quando o Plano Diretor foi sancionado.

No último dia 18, o grupo que ocupa o terreno fez um outro protesto contra um condomínio de luxo construído ao lado da ocupação. O grupo afirma que ele foi construído em uma Zeis, o que foi negado pela prefeitura. A administração afirmou que apenas uma parte do terreno ao lado do condomínio, onde há a ocupação dos sem-teto, se enquadra como uma Zeis.

O grupo também fez um protesto na frente do mesmo prédio de luxo, no último dia 11. Os sem-teto afirmavam na ocasião, que os moradores do condomínio jogam pedras, garrafas e lixo contra os barracos mostrados no terreno ao lado, além de xingar os sem-teto.

OUTRO

Na tarde desta terça, um grupo de 200 integrantes do MTST fizeram uma passeata na região de Itaquera, na zona leste de São Paulo. Eles pedem a limpeza do terreno onde estava a ocupação "Copa do Povo", para que sejam construídas moradias populares no local.

Segundo os manifestantes, uma reunião, marcada para quarta (1º), vai discutir o problema.

O subprefeito de Itaquera, Mauricio Martins, esteve na concentração do ato e disse que a subprefeitura não foi avisada sobre a limpeza do local.

"Por ser um terreno particular, não tem cabimento e não tem legalidade para que se entre com uma máquina da prefeitura, uma máquina que é paga com dinheiro público dentro de um terreno particular para fazer a limpeza", afirmou Martins.

Procurada, a secretaria de Habitação afirmou em nota que "o terreno é particular e a responsabilidade da limpeza é do proprietário. A prefeitura, por sua vez, reafirmou ao proprietário a necessidade da limpeza do terreno".

A construtora Viver informou, em nota, que "os serviços de limpeza e manutenção do terreno já estão previstos e serão executados em um breve período de tempo".


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