Folha de S. Paulo


Laudo aponta mais de um erro na queda de viaduto em BH

Um laudo de perícia técnica da Polícia Civil de Minas Gerais que analisou as causas da queda de um viaduto em Belo Horizonte, em 3 de julho, apontou uma série de erros no planejamento da construção da via.

O laudo teve trechos divulgados nesta segunda-feira (15) pelo "Jornal Nacional", da TV Globo.

Na queda do viaduto Batalha dos Guararapes, duas pessoas morreram e 23 ficaram feridas. A alça que restou de pé, por não oferecer segurança, foi implodida neste domingo (14).

O viaduto era uma obra atrasada e inacabada da Copa do Mundo.

Entre os erros apontados estão o de cálculo das ferragens do bloco de fundação de um dos pilares. A empresa Consol teria transcrito de forma errada para o projeto os números que correspondiam à carga de sustentação.

O número equivocado, diz a perícia, não foi revisado pela Consol nem pela construtora Cowan, responsável pela obra. Teria errado ainda a prefeitura, por meio da empresa pública responsável pela fiscalização (Sudecap).

Outro erro anotado foi na chamada protensão, um tipo de sistema estrutural que cria um pré-tensionamento nos cabos para aumentar a resistência da laje do viaduto. Esses cabos não foram cobertos com massa de cimento como deveriam.

A perícia também apontou que foram abertos 42 buracos na estrutura do viaduto para a passagem de material, intervenções que não estavam previstas no projeto. Isso teria fragilizado a construção.

Esses erros, somados, teriam causado sobrecarga no pilar de sustentação que cedeu e causou a queda, quando as escoras estavam sendo retiradas.

A Cowan já havia apontado problemas na questão das ferragens e responsabilizou a Consol e a prefeitura pela queda.

A Consol, por sua vez, já havia apontado a abertura dos 42 buracos na laje do viaduto pela Cowan e informou ainda que a construtora não realizou a obra como previsto no projeto.

As empresas e a Prefeitura de BH aguardam a divulgação oficial do laudo para se pronunciarem. Logo após a queda do viaduto, contudo, a prefeitura já havia admitido ter havido erro coletivo.

Na semana passada, a Justiça concedeu à Polícia Civil mais 30 dias de prazo para concluir o inquérito que apontará as causas e as responsabilidades no acidente.


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