Folha de S. Paulo


Biagio Paolino (1913-2014) - Franciscano, viveu no 'paraíso' brasileiro

Ao final da missa de celebração de seus cem anos, frei Berardo Paolino disse ter pedido a Deus mais cinco.

A ousadia e a vontade ajudar a comunidade eram as características mais marcantes de Paolino, que morreu na quarta-feira (10), aos 101.

"Ele não viveu os cinco anos a mais que pediu a Deus, mas fez valer seus 101", diz frei João Lourenço Boga, 47, que conviveu com Paolino nos últimos quatro anos.

Biagio Paolino, seu nome de batismo, nasceu em Gavignano, na Itália. Ajudava a família na criação de vacas até que, aos 26, contrariando a vontade de seus pais, abdicou dos bens da família e entrou para a irmandade franciscana, adotando os votos de pobreza e castidade.

Aos 34, integrou uma das primeiras turmas de frades franciscanos missionários e veio para o Brasil, onde dizia ter encontrado o "paraíso".

Persistente, exercia a função de irmão esmoleiro, percorrendo municípios paulistas para conseguir doações para conventos, igrejas e causas sociais. Em Ribeirão Preto, foi um dos mais atuantes na construção da igreja Santo Antonio Maria Claret.

Sempre levava água benta para abençoar os doadores. "Ele dizia que não convencia as pessoas a doarem, mas que Jesus chegava antes dele e tocava o coração das pessoas", conta frei Boga.

Viveu seus últimos 20 anos no convento Santa Maria dos Anjos, em Franca, ao lado de outros freis franciscanos.

O último pedido de Paolino foi respeitado pela direção do convento. Há 15 dias, ele disse: "Daqui não saio, daqui ninguém me tira". Por isso, foi sepultado no convento.

coluna.obituario@uol.com.br


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