Folha de S. Paulo


Assassino do cartunista Glauco é preso por suspeita de latrocínio em Goiás

A Polícia Civil de Goiás prendeu nesta segunda-feira (1º) Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, 28, o Cadu, assassino confesso do cartunista Glauco Vilas Boas e do filho dele Raoni Vilas Boas, em 2010.

Cadu foi preso no final da manhã em Goiânia, por suspeita de envolvimento em um latrocínio (roubo seguido de morte) e uma tentativa de latrocínio. Outro homem foi detido com ele, também suspeito de participar dos crimes.

Em 2013, Cadu recebeu autorização da Justiça para deixar a clínica psiquiátrica onde estava internado e retornar para a casa de seus pais. Ele é esquizofrênico e, segundo a decisão da Justiça na época, tinha condições de passar por tratamento ambulatorial fora da clínica.

Cadu foi flagrado nesta manhã quando dirigia um carro roubado em uma rua de Goiânia. O delegado Thiago Damasceno Ribeiro, que já investigava o latrocínio, ocorrido no domingo (31), e uma tentativa de latrocínio, na quinta-feira (28), reconheceu a placa do carro conduzido por Cadu.

Divulgação
Cadu, assassino confesso do cartunista Glauco, é preso por suspeita de latrocínio pela polícia de GO
Cadu, assassino confesso do cartunista Glauco, é preso por suspeita de latrocínio pela polícia de GO

"Eu já estava com o número da placa do carro [roubado] na cabeça", disse o delegado. "Quando vi passar o Honda Civic, que era da vítima de domingo, e vi que o motorista era um homem branco, assim como o suspeito, comecei a segui-lo."

Ribeiro notou que o carro da frente, um Honda Fit, parecia acompanhar o guiado por Cadu, e fez sinal para que os ocupantes de um carro da Guarda Civil Municipal o ajudassem na abordagem dos veículos.

Como os carros estavam parados no trânsito, Ribeiro e o guarda civil desceram de seus veículos e abordaram Cadu. "Ele deu um pouco de ré, depois pegou a arma e ameaçou atirar", disse o delegado.

Em seguida, Cadu conseguiu recuar um pouco o veículo, avançou na calçada e fugiu. Cerca de 500 metros depois, bateu em um muro e continuou a fuga, a pé.

Policiais militares que passavam pelo local o viram correndo com o rosto ensanguentado, em razão da batida, e conseguiram detê-lo.

O delegado e o guarda civil conseguiram impedir que o condutor do outro carro escapasse. Segundo o delegado, Ricardo Pimenta de Andrade Junior confessou que estava junto com Cadu e que os dois carros eram roubados, mas negou que os dois tenham atirado nas duas vítimas, matando uma delas.

Os dois suspeitos foram levados para a DIH (Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios). Segundo o delegado, em depoimento à polícia Cadu confessou ser o autor dos assassinatos de Glauco e Raoni.

Já em relação aos dois crimes de Goiânia, diz Ribeiro, Cadu seguiu a linha de Andrade Junior e disse apenas que estavam juntos, com os carros roubados, mas negou que tenham atirado nas duas vítimas.

Até o final da tarde desta segunda, os dois suspeitos ainda prestavam depoimento na DIH.

A vítima do latrocínio de domingo é Matheus Pinheiro de Morais, 21, sobrinho de um policial militar.

Já Marcos Vinícius Lemes da Abadia, 45, baleado na quinta-feira (28) antes de ter o carro roubado, foi socorrido e levado para o Hospital de Urgências de Goiânia. Até a tarde desta segunda, ele permanecia internado em estado grave na UTI, respirando com a ajuda de aparelhos.

Tanto Cadu como Andrade Junior não tinham advogados constituídos durante a oitiva desta tarde. O advogado de Cadu, Sergio Divino Carvalho Filho, que acompanha o processo no caso Glauco, disse à reportagem que ainda não tinha conhecimento da prisão de seu cliente.

O CASO

Glauco e o filho Raoni foram assassinados em março de 2010 em Osasco, na Grande São Paulo. Depois de ser reconhecido pela mulher de Glauco, uma das testemunhas do crime, Cadu confessou os assassinatos.

A investigação da polícia apontou que ele estava em surto psicótico, que teria sido agravado pelo consumo de drogas.

O contato de Cadu com a família de Glauco ocorreu pela igreja Céu de Maria, fundada pelo cartunista e que segue rituais do Santo Daime, entre eles com o uso de chá alucinógeno.

O assassino confesso foi declarado inimputável (não responsável pelos seus crimes) em 2011. A princípio, foi levado para um complexo médico penal no Paraná, e depois transferido para Goiânia.

COLABOROU PIETRO BOTTURA, EM GOIÂNIA


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