Folha de S. Paulo


Vegetação nativa retirada do campus não tinha proteção pública, diz USP

Espécies nativas da vegetação do cerrado paulista estão se perdendo no campus Butantã da USP. A universidade fez a remoção dos espécimes para dar lugar a um refeitório e a um banheiros provisórios para trabalhadores da obra do novo Centro de Convenções, que possuirá três grandes salas (uma delas um anfiteatro para 1.600 pessoas).

As plantas raras chegaram a ser consideradas uma "relíquia ambiental", pela secretaria do Verde da Prefeitura de São Paulo.

Em nota enviada pela assessoria de imprensa, a USP afirmou que "a vegetação arbustiva não é protegida" pelo poder público.

Gustavo Epifanio/Folhapress
O botânico Ricardo Cardim, 36, com uma muda de murici-do-cerrado, em área desmatada da Cidade Universitária, em SP
O botânico Ricardo Cardim, 36, com uma muda de murici-do-cerrado, em área desmatada do campus

Segundo a universidade, "a obra foi licenciada dentro da legislação ambiental vigente", pela qual não é necessária autorização municipal para retirar a vegetação com menos de cinco centímetros de diâmetro no tronco (na altura do peito).

O "museu vivo do cerrado" será implantado após o final da obra do Centro de Convenções, mas não há prazo.

Segundo a universidade, a área de 3.000 m² onde será criado o museu está "demarcada e isolada, tanto dos trabalhadores da obra quanto do público". No perímetro, foram identificados 445 exemplares de 20 espécies.

Para o botânico Ricardo Cardim, o fato de a vegetação não ser protegida pela prefeitura é irrelevante. "O que vale é o compromisso feito pela reitoria, por meio de um decreto." A USP não foi localizada para comentar a crítica.


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