Folha de S. Paulo


Primeiro monotrilho de São Paulo abre neste sábado para visitação

O primeiro sistema de metrô em monotrilho do país será inaugurado no próximo sábado (30), na zona leste de São Paulo.

A linha 15-prata, a sexta da rede metroviária da capital, também é o primeiro novo ramal a ser aberto desde maio de 2010, quando a linha 4-amarela começou a funcionar.

A operação vai começar, porém, em trecho curto e em período limitado. Serão abertos 2,9 km entre as estações Vila Prudente e Oratório, com funcionamento das 10h às 15h apenas no fim de semana.

Além do horário limitado, o intervalo entre os trens será bem maior que os 90 segundos previstos quando a operação estiver completa.

Editoria de Arte/Folhapress

O Metrô afirma que essa fase inicial, chamada de "visita controlada", serve para os últimos ajustes de equipamentos e sistemas, além de liberar as vias durante a semana para o teste de novos trens. Não há cobrança de tarifa.

Até agora, a Bombardier entregou 3 das 54 composições previstas no contrato. Apenas uma será usada na fase inicial, mas o Metrô diz que as entregas estão atrasadas.

A fabricante de origem canadense integra o consórcio da linha 15 com as construtoras OAS e Queiroz Galvão.

O Metrô não informou qual a previsão para o início da operação comercial, em que o funcionamento é o mesmo da rede (4h40 à 0h), o intervalo entre os trens é menor e há cobrança de tarifa.

As obras do trecho começaram em 2010 e tinha previsão de serem entregues no ano passado.

CICLOVIA

Também será aberta no sábado uma ciclovia de 2,4 km embaixo do monotrilho, cujo percurso acompanha a av. Luiz Ignácio de Anhaia Mello.

A via para bicicletas foi uma das exigências ambientais feitas ao empreendimento, e será de responsabilidade da prefeitura após a inauguração.

O monotrilho da linha 15-prata é um trem com pneus, com sete carros cada, que trafega sobre vias elevadas de concreto. A estrutura fica a uma altura entre 12 e 15 metros.

Cada trem comporta até mil passageiros de uma vez, a velocidade máxima de 80 km/h. Nessas condições, a nova linha poderá transportar até 48 mil passageiros por hora e sentido, o que a torna o monotrilho de maior capacidade no mundo.

Quando completa, a linha terá 18 estações e 26,7 km, a um custo de R$ 6 bilhões. A demanda prevista é de mais de 500 mil passageiros por dia.

No Brasil, experiências semelhantes a monotrilhos foram implantadas em Poços de Caldas (MG) nos 1990 e em Gramado (RS), em 2009 –ambas com características turísticas.

POLÊMICA

O uso dessa tecnologia no transporte de massa é controverso entre os técnicos –há mais de cem monotrilhos espalhados no mundo, mas ele nunca teve amplo espaço nas principais metrópoles desenvolvidas.

Em São Paulo, além da linha 15, o monotrilho será adotado na linha 17-ouro (Morumbi-Jabaquara) e 18-bronze (Tamanduateí-ABC).

Os defensores do modal citam vantagens como preço mais baixo e menor tempo para a implantação em relação ao metrô convencional.

Segundo a empresa, para elevar a capacidade do monotrilho foram usados materiais mais leves, emprestados da indústria aeronáutica, sistema de tração compacto, tecnologia de operação automática (sem condutor) e conjunto de rodas e suspensão de última geração.

As vias elevadas, se por um lado reduzem o custo da construção ao evitar escavações e desapropriações, também são motivo de uma das principais críticas ao monotrilho. Opositores dizem que elas tem potencial para degradar áreas por criarem um "efeito minhocão".

O Metrô e as empresas negam, dizendo que as estruturas são leves, não produzem sombra, e ainda há projeto paisagístico que prevê a implantação de árvores com copas altas.

Outras críticas sobre o sistema são problemas de acessibilidade, pelas estações serem elevadas, e para retirar passageiros em situações de emergência –serão usadas passarelas metálicas instaladas entre as vias elevadas.


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