Mais um homem foi morto dentro do complexo penitenciário de Pedrinhas, no Maranhão. O local já foi cenário de diversos assassinatos violentos e alvo de denúncia internacional de violação dos direitos humanos.
É o 14º caso em Pedrinhas só neste ano -em 2013, 60 detentos morreram no conjunto prisional.
A nova vítima, assassinada nesta quarta-feira (27), é Marcos Paulo Santos Sales, de 29 anos. Ele estava detido no Centro de Triagem, um dos oito presídios que compõem Pedrinhas.
Segundo a Sejap (Secretaria de Estado de Justiça e Administração Penitenciária), a suspeita é que Santos tenha sido morto pelos colegas de cela depois de uma discussão. A pasta não deu detalhes da morte.
Foi aberto um inquérito para apurar o caso. Equipes do IML e do Icrim, órgãos da Polícia Civil, estiveram na cela para remover o corpo e realizar o trabalho de perícia.
Este ano, em todo o Estado do Maranhão já são 20 vítimas no sistema prisional.
Além da morte de Marcos Sales, o governo do Maranhão confirmou que localizou o corpo de um preso que estava desaparecido desde o dia 7 deste mês.
Rafael Alberto Libório Gomes foi achado cinco dias depois, enterrado dentro de Pedrinhas, nos fundos do bloco A do presídio São Luís 1. Ele estava detido na cela dez daquele bloco.
A Sejap não detalhou as circunstâncias em que o corpo foi achado –havia suspeita de agentes penitenciários de que ele teria sido esquartejado. A polícia investiga o caso.
Pedrinhas, que vive um cenário de superlotação, chamou atenção de órgãos internacionais de defesa dos direitos humanos no ano passado após contabilizar 60 mortes, muitas em rituais de barbárie, com decapitações e esquartejamentos.
Mesmo após apoio da Força Nacional de Segurança e pressão da Justiça brasileira e de entidades internacionais, Pedrinhas ainda convive com assassinatos, rebeliões e fugas de presos.
MORTOS EM 2014
EM PEDRINHAS
2/janeiro:
Josivaldo Pinheiro Lindoso, 35, foi estrangulado de madrugada no Centro de Triagem
2/janeiro:
Sildener Pinheiro Martins, 19, foi assassinado a chuçadas (com instrumento pontiagudo) após briga entre presos no CDP
21/janeiro:
Jô de Souza Nojosa, 21, foi esganado e asfixiado, e o corpo foi preso a uma corda no CCPJ
1º/março:
Pedro Elias Martins Viegas, 31, foi encontrado morto com sinais de enforcamento em uma cela da Casa de Detenção
12/abril:
João Altair Oliveira foi encontrado morto com perfurações no corpo
13/abril:
Wesley de Sousa Pereira tinha sinais de enforcamento e foi achado morto em uma cela do presídio São Luís 1
14/abril:
André Walber Mendes, 26, foi encontrado morto com sinais de enforcamento
18/maio:
Jean Araújo Pereira, 19, foi achado morto no CCPJ
30/junho:
Fabio Robert Costa Pereira, 29, foi encontrado morto com sinais de enforcamento na Centro de Triagem
1º/julho:
Jhonatan da Silva Luz Ferreira, 20, foi encontrado já sem vida por monitores em um bloco da CCPJ
1º/julho:
Jarlyson Belfort Cutrim, 21, foi achado com sinais de enforcamento no Centro de Triagem
07/julho:
Luis Abreu de Araújo, 19, foi assassinado a chuçadas (com instrumento pontiagudo)
07/agosto:
Rafael Alberto Libório Gomes desaparece da cela dez do bloco A do presídio São Luís 1, de Pedrinhas. Corpo é encontrado cinco dias depois; vítima havia sido enterrada nos fundos do bloco
27/agosto:
Marcos Paulo Santos Santes, 29, morto no Centro de Triagem de Pedrinhas; suspeita é que morte ocorreu após briga em cela
EM OUTRAS UNIDADES PRISIONAIS:
22/janeiro:
Detento é achado morto dentro de um balde de lixo na UPR de Santa Inês, a 230 km da capital
28/janeiro:
Valdivino Fernandes da Silva, 27, morreu no hospital após ser espancado por colegas de cela na UPR de Balsas, a 800 km da capital
26/fevereiro:
João Francisco Diniz Pereira foi achado morto em uma cela do CCPJ do Anil, outro presídio de São Luís
24/março:
O detento Antônio André de Sousa Santana foi assassinado em 24 de março, na UPR (Unidade Prisional de Ressocialização) de Timon (a 427 km de São Luís)
17/abril:
Laurêncio Silva, 24, foi encontrado morto em uma cela do CCPJ do Anil
23/agosto:
Aleandro da Conceição Sousa morre e outros cinco ficam feridos durante rebelião no presídio de Pedreiras (280 km de São Luís)