Folha de S. Paulo


Bebês e pais fazem protesto para pedir que USP negocie com grevistas

Funcionários, alunos, professores da USP (Universidade de São Paulo) e vários bebês participaram na manhã desta quinta-feira (28) de um protesto contra a falta de negociação com os grevistas. A paralisação na USP acontece desde o dia 27 de maio.

O Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP) pede um reajuste salarial de 9,78%, enquanto a universidade descartou qualquer negociação por conta da crise financeira. Tradicionalmente, o aumento ocorre em maio -em 2013, o índice foi de 5,39%, o que repôs a inflação no período.

Com a greve, a creche da USP, que atende gratuitamente filhos de alunos, professores e funcionários, também está fechada. O grupo se concentrou de manhã em frente à creche, onde foram confeccionados cartazes com a ajuda das crianças. Nas faixas, estavam frases como "reitor, não é assim que se brinca", "quero a minha creche", entre outras.

Em seguida, cerca de 200 pessoas seguiram em passeata até a reitoria, onde ocorreu o piquenique. O chamado "Ato Colorido" teve o objetivo de entregar uma carta aberta ao reitor da USP, Marco Antônio Zago, com o pedido para que a universidade abra o diálogo com os grevistas.

Mãe de duas crianças de 1 e 4 anos, a professora da Escola de Aplicação, Kelly Sabino, 30, tem se revezado com outras duas famílias nos cuidados das crianças. Mesmo em greve, ela diz que continua trabalhando normalmente. "Queremos uma solução para a greve e que tudo volte ao normal, inclusive, a rotina das crianças na creche", comenta.

A creche atende crianças de até cinco anos e os filhos de Kelly ficam em período integral no local. "Brincamos que criamos a 'creche crise, que é residencial, itinerante, solidária e experimental", brinca. Ela explica que as três famílias se revezam no cuidado de seis crianças e que cada dia os pequenos ficam sob os cuidados de uma família. "Fomos adaptando nossas agendas, horários. Quando um pode, cobre o outro e assim tem sido", diz.

No piquenique, além de sucos, frutas e bolos, foram programadas várias atividades, como ciranda e outras atividades para entreter as crianças.

Os pais também pedem a manutenção da creche. Eles temem que, com a crise financeira da USP, a universidade decida encerrar as atividades da creche ou desvincula-la da universidade, assim como pretende com o Hospital Universitário.

A doutoranda em história, Isabelle Castro, 42, conta que nesses últimos três meses a filha tem ficado em casa e que ela e o marido se revezam nos cuidados da menina enquanto estudam. "A creche foi essencial para eu fazer meu doutorando. Se não fosse ela, teria trancado o curso ou desistido", comenta Isabelle, que está na fase final do doutorado.


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