Folha de S. Paulo


Transferência de hospital da USP para Estado preocupa, diz superintendente

A decisão que aprovou a transferência do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da USP para o governo estadual preocupa setores da unidade, que hoje sofre com deficit de médicos e funcionários.

"Nos preocupa porque a secretaria da saúde ainda não se posicionou sobre o que deve fazer. Hoje o hospital tem dificuldades. A reitoria já informou que a reposição de funcionários não é possível. E isso dificulta a gestão e a assistência", diz a superintendente da unidade, Regina Amantini.

Segundo ela, o hospital passa por dificuldades. "Os recursos que temos hoje não são suficientes", afirma.

"Quem vai repor os nossos funcionários? Temos uma demanda de pacientes que aguardam por cirurgia. Se não tivermos isso que o hospital necessita, com o tempo ele ficará sucateado", diz ela, que irá negociar a possibilidade de novas contratações.

O Conselho Universitário da USP aprovou nesta terça-feira (26) a transferência do hospital, conhecido como Centrinho, para o governo do Estado.

A medida é a primeira já aprovada entre uma série de propostas feitas pelo reitor Marco Antonio Zago para controlar a crise financeira da universidade. Segundo o conselho, uma comissão vai acompanhar a transferência do Centrinho à Secretaria de Saúde.

Criado inicialmente como centro de pesquisa e transformado em hospital em 1976, o Centrinho é referência internacional no tratamento de fissuras labiopalatais e deficiência auditiva.

Só em 2013, o hospital fez 61 mil atendimentos médicos e 89 mil odontológicos. A unidade fica no campus de Bauru, ao lado da faculdade de Odontologia. Ao todo, 245 alunos participam de atividades no local.

A superintendente diz ainda que já recebeu ligações de pacientes preocupados com a decisão -ela garante, porém, que o atendimento não será afetado.

Segundo Amantini, a gestão do hospital também deve ficar a cargo de uma autarquia especial ligada à USP. Outras propostas, como a possibilidade de novas áreas, serão discutidas pela comissão, diz.

OUTRAS PROPOSTAS

Em reunião nesta terça-feira, o conselho também decidiu adiar a votação das outras propostas da reitoria. Ficou para 2 de setembro a votação sobre o plano de demissão voluntária de funcionários.

A possível transferência do Hospital Universitário para o governo estadual só será discutida em 30 dias. Uma comissão será formada para avaliar a mudança, após pedido da direção e dos alunos da Faculdade de Medicina.

Um grupo de cerca de 600 pessoas protestou contra a proposta de transferência dos hospitais na frente do Instituto de Pesquisas Tecnológicas, na Cidade Universitária.

Procurada pela reportagem, a secretaria estadual de Saúde informou que "ainda não há nada oficial" e que, por isso, não poderia comentar a possível transferência do Centrinho e de outros hospitais da USP.


Endereço da página: