Folha de S. Paulo


Polícia resgata jovem de suposto cárcere após bilhete de socorro em MS

Uma adolescente de 17 anos foi resgatada de um suposto cárcere privado após pedir ajuda em uma farmácia na última segunda-feira (18), em Campo Grande (MS).

Acompanhada pelo homem que ela diz que a mantinha presa, a adolescente entregou uma receita médica com um pedido de socorro escrito no verso. Depois que o casal saiu do estabelecimento, a funcionária chamou a Polícia Militar.

A PM foi até a casa após descobrir o endereço no posto de saúde onde a jovem foi atendida com dores no estômago. O homem não estava no local e até agora não foi preso.

Mãe de um bebê de cinco meses, a adolescente de 17 anos escreveu "me ajuda, ele pode me matar" na receita médica. Ela estava acompanhada pelo jardineiro de 40 anos que, segundo ela, a mantém presa há mais de um ano e é o pai do bebê.

Reprodução
Pedido de socorro escrito no verso de receita médica por adolescente em MS
Pedido de socorro escrito no verso de receita médica por adolescente em MS

De acordo com o relato da garota à polícia, ela somente saía acompanhada pelo homem, que também permaneceu ao seu lado durante o atendimento no posto de saúde que fica próximo à farmácia.

"Esse homem que está comigo é psicopata. [] Ele já me bateu muito quando eu estava grávida", escreveu a garota no bilhete.

"Ela relatou que em junho do ano passado saiu de casa parar morar com o homem e logo passou ser mantida em cárcere privado. Ela disse que o homem teria mentido sobre seu nome e não revelou que era casado", afirmou o delegado Paulo Sérgio Lauretto, da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente.

Na casa, a PM encontrou a mulher do jardineiro, que tem 58 anos. O casal tem três filhos –uma adulta que não mora na casa e duas crianças. A mulher negou que a adolescente estivesse na casa. "Do lado de fora, os policias a viram por uma fresta. Tiveram contato visual e viram que ela estava dentro do quarto", disse Lauretto.

"Não deixa de ser uma situação estranha", afirmou o delegado sobre a mulher do jardineiro ter omitido a presença da adolescente no local.

A garota relatou ter sido mantida em cárcere privado em ao menos três casas. Antes de morar com a mulher do homem, disse ter vivido numa casa mantida por ele e também com a mãe do homem, avó do bebê. A polícia ouvirá todos os parentes envolvidos no caso.

"Até agora, temos apenas uma versão, a versão dela. Precisamos ter cuidado na investigação", disse o delegado.

Segundo Lauretto, na tarde desta quarta-feira (20), um advogado telefonou em nome do suspeito dizendo que o jardineiro se apresentaria ao delegado. A garota está na casa de familiares.


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