Folha de S. Paulo


Nelson Martelli (1932-2014) - Não quis saber de aposentadoria

Mesmo aos 82 anos, Nelson Martelli se recusava a parar de trabalhar. Formado na segunda turma da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, da USP, atuou por mais de 50 anos como neurocirurgião.

Aposentado "no papel", ainda atendia pacientes e era consultado por colegas de profissão que precisavam de auxílio em diagnósticos até ser internado em junho com um problema cardíaco.

Dizia que só iria parar quando morresse. "E foi o que aconteceu. Ele tinha trabalhado um dia antes de passar mal", conta a sobrinha Flávia.

Nelson foi um dos principais responsáveis pela disciplina de neurocirurgia na USP Ribeirão, onde atuou por 30 anos como professor.

Conhecido pelo espírito inovador, introduziu nos hospitais da cidade técnicas modernas como o tratamento cirúrgico para aneurisma.

Além da medicina, era apaixonado pelo mar, pela música, por cozinhar e beber um bom vinho. Por isso, construiu uma casa onde pudesse unir todas as suas paixões.

Para conseguir a sensação de estar à beira-mar, fez todos os cômodos muito bem arejados, diz a filha Camila.

Apesar de falar que nunca queria deixar Ribeirão, não ficava mais de um ano sem viajar para a praia. Por isso, pediu aos filhos que, quando morresse, fosse cremado, e as cinzas, jogadas ao mar.

A família planeja completar o desejo de Nelson em uma viagem no final do ano.

Morreu no dia 25, em decorrência de complicações após uma dissecção na aorta (doença relacionada à hipertensão). Viúvo, deixa quatro filhos e oito netos.

coluna.obituario@uol.com.br


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