Folha de S. Paulo


Irvany Bedaque Ferreira Frias (1931-2014) - Uma 'diva' dedicada ao piano

Irvany era uma "diva", e divas não fazem comida, brincava a família para justificar a falta de talento da pianista com as panelas ou outros afazeres domésticos.

Dedicada à música desde os cinco anos de idade, Irvany era uma artista 24 horas por dia. Quando não estava dando aulas ou tocando para familiares e amigos, passava o tempo pesquisando para escrever livros sobre o tema.

Publicou mais de uma dezena de obras sobre educação musical. Parte delas serviu de cartilha quando a disciplina integrava o currículo da rede pública de ensino.

O marido, Alvaro, até criou uma editora para publicar os livros de Irvany. Apoiava toda e qualquer ideia da mulher. Incentivava saraus —que chegaram a durar até três dias— e era responsável por chamar os convidados, como Paulinho da Viola, Jair Rodrigues e Os Originais do Samba.

Apesar de ser especialista em música erudita (Chopin era seu favorito), também tocava bossa nova, samba e chorinho. Adorava Toquinho e Vinicius de Moraes.

Durante a ditadura, chegou a ser detida por criticar, em um congresso, a falta de apoio do governo na criação da associação de professores de educação musical e artística da cidade de São Paulo.

Bonita e elegante, maquiava-se até o final da vida e nunca passava despercebida. Com seu jeito alegre, chamava ainda mais atenção quando cantava em francês —estudou na Sorbonne, em Paris.

Era diabética. Morreu na quarta (23), aos 83. Viúva desde 1995, após 44 anos de casamento, deixa a filha, Vana, e as netas, Jade e Mayra.

coluna.obituario@uol.com.br


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