Folha de S. Paulo


'Ken humano' fez 4 cirurgias plásticas para se parecer com o par da Barbie

Celso Santebañes, 20, quer ser um boneco de verdade.

"Nós temos um 'case' do Pinóquio ao inverso. Enquanto ele queria ser um menino de verdade, Celso quis ser um boneco, sair da realidade, do que é defeituoso, e se aproximar de um ideal de perfeição", diz Ligia Kogos, conhecida como a "dermatologista das celebridades", enquanto posa em sua clínica nos Jardins ao lado do autoproclamado "Ken humano".

"Ela está certíssima, sou o Pinóquio ao contrário. Só não vale mentir!", diz o modelo/ator de Araxá, cidade de 100 mil habitantes em Minas.

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fotografia: Carlos Cecconello e Felix Lima | edição: Bruno Scatena

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De topete castanho empinado à direita feito curva do edifício Copan, lápis escuro no olho azul, pó na face e sobrancelha bem feita, ele diz ter gasto cerca de R$ 50 mil dos pais –uma "dona de casa" e um "empresário do gado"– para ficar mais parecido com o marido da Barbie.

Conta ter feito quatro cirurgias plásticas (queixo, maxilar, nariz e silicone no peitoral) e várias intervenções estéticas para deixar a pele tinindo. Tudo sem "forçar uma barra que não era minha", afirma. "Não quero ficar aquela coisa caricata, artificial."

A fama colou. Em poucas semanas, acumulou passagens por programas como os de Fátima Bernardes (Globo), Rafinha Bastos (Band), Luciana Gimenez e Sonia Abrão (ambas da RedeTV!).

Celso Santebañes quer ser uma celebridade de verdade. "Sou obcecado por beleza. Sempre quis ser reconhecido, aparecer na mídia", diz após a Folha ter questionado alguns buracos em sua amplamente divulgada biografia.

A começar pelo nome. Celso Pereira Borges no RG, primeiro conta que o sobrenome "artístico" veio da família do pai. Depois, que o adotou em homenagem a Sergio Santebañes, o filho rico de fazendeiro que fica com a personagem de Thalía na novela mexicana "Marimar", do SBT.

O mineiro anuncia um currículo turbinado como o nariz da criação de Gepeto. Diz ter se formado na escola de atores Wolf Maya (o curso confirma que ele fez o segundo semestre de 2013, mas foi reprovado). E que está na lista de cotados para o reality show "A Fazenda", da Record –sua assessora de imprensa depois fala que Celso foi sondado, mas não selecionado.

Marcelo Justo/Carlos Cecconello/Folhapress
Boneco Ken; Celso Santebañes na maca em clínica de estética nos Jardins
Boneco Ken; Celso Santebañes na maca em clínica de estética nos Jardins

Geminiano, acha que o jogo duplo faz parte do seu show. "Você sabe que a mídia é um jogo de maquiagem."

"É um personagem, é isso", Celso confessa um dia após ter garantido: "Não sou um 'fake', sou o Ken".

Um personagem que vem lhe rendendo frutos. Pela presença VIP "em casas de festa, baladas, casamentos e peças infantis", afirma cobrar de R$ 6.000 a R$ 10 mil. Estaria negociando uma campanha publicitária para a grife internacional Prada. A agenda de entrevistas para a próxima semana está lotada.

QUE BONITO É

Se a conta bancária engorda, a silhueta vai pelo caminho contrário. "Escravo da beleza", acha que "acúmulo de gordura é imperfeição".

"O Ken e a Barbie são referências de beleza. Ganhar esse título de Ken humano é chegar perto da perfeição. Todo mundo quer", diz na academia do seu prédio em Pinheiros, onde aluga um flat.

Celso conta que desde pequeno bonecos o fascinavam –em Minas, tinha uma prateleira com um monte deles. Aos 16 anos, quando já tentava ser modelo, ganhou dos amigos um Ken, "para que reparasse a semelhança".

Celso quer viver da beleza por quanto tempo der. "Vou ser o Ken pai, o Ken vô. Serei assim para o resto da vida."

É, contudo, bem mais do que um rostinho, diz. Ser chamado de frívolo dói mais do que entrar no bisturi. "Acham que pessoa bonita é fútil. Eu, particularmente, não tenho nenhum pingo de futilidade. Sempre procurei estudar."

Fã do livro "50 Tons de Cinza" e à procura "de uma Barbie", Celso prefere ver a vida sob uma ótica colorida. Quando está triste, o espelho é o melhor remédio. "Parece que converso com meu reflexo, e a depressão passa." Afinal, "todo mundo é narcisista, e tem gente que não assume".


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