Folha de S. Paulo


Jamil José Ribeiro Caram (1926-2014) - Tocou choro e incentivou artistas

Reunião de família na casa de Jamil Caram era certeza de muita cantoria. Além do patriarca, eram mais os cinco filhos e os 13 netos tocando algum instrumento musical.

A mulher, Bili, era a única que não se arriscava a tocar ou cantar, apesar de o primeiro presente que recebeu do marido ter sido um violino.

Autodidata, Jamil aprendeu violão de sete cordas, bandolim, cavaquinho e vários outros instrumentos.

Sua paixão era o choro. Aos finais de semana, reunia amigos e promessas do estilo musical para tocar e cantar —primeiro no interior de São Paulo, depois na capital paulista, para onde se mudou na década de 1990.

Aqui, participava todos os sábados na tradicional roda de choro da loja Contemporânea Instrumentos Musicais, no centro, para onde levou alguns anos atrás o então adolescente Yamandu Costa —até hoje grato a Jamil por ter lhe apresentado a outros artistas.

Ajudou a criar, nos anos 1970, um projeto do governo do Estado para divulgar a música brasileira. Um caminhão, que fazia as vezes de palco, levava cantores para se apresentarem pelas praças do interior aos finais de semana.

Havia mais de três décadas que sempre comemorava o aniversário com uma grande roda de choro. "Nesta festa tem mais músico que gente", disse certa vez a cantora Dona Inah, ao perceber que, dos cerca de cem convidados, apenas uns 20 não tocavam nenhum instrumento.

Morreu na segunda (21), aos 87. Tinha problemas de coração e nos rins. Deixa Bili, os filhos e os netos —as filhas Ana e Valéria e a neta Bruna Caram são cantoras profissionais.

coluna.obituario@uol.com.br


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