Folha de S. Paulo


Traficantes infiltrados em ato na BA incendiaram delegacia, diz polícia

Traficantes que se infiltraram num protesto pacífico são os responsáveis pelos atos de vandalismo em Amargosa (250 km Salvador), onde moradores incendiaram uma delegacia e soltaram 14 presos. A informação preliminar foi divulgada na tarde desta quinta-feira (17) pela Polícia Civil da Bahia.

A ação, registrada na noite de quarta (16), ocorreu após uma criança de um ano e meio ser morta por uma bala perdida em meio a uma perseguição policial.

A morte desencadeou uma onda de protestos na cidade baiana. A delegacia foi antes depredada e saqueada. Dos 14 presos que fugiram, três se entregaram, dois foram recapturados e um menor, apreendido. Parte das armas roubadas também foi recuperada.

Donato Neto /Amargosa News
Veículos queimados durante atos de vandalismo que aconteceram após morte de criança de um ano
Veículos queimados durante atos de vandalismo que aconteceram após morte de criança de um ano

Também foram registrados dezenas de veículos queimados, sendo motos, carros, um ônibus escolar e um caminhão a serviço da concessionária de energia. Não houve feridos. De manhã, a polícia disse que foram 49 veículos incendiados, informação não confirmada à tarde.

Os atos de vandalismo começaram por volta das 18h30 de quarta-feira, quando um grupo de pessoas seguiu em passeata entre o bairro de Catiara e a delegacia, no centro da cidade.

A delegada e o promotor da cidade tiveram que deixar seus locais de trabalho às pressas e se refugiaram num hotel.

A situação se normalizou apenas por volta das 21h após a polícia enviar para Amargosa cerca de cem policiais de cidades vizinhas e batalhões especializados de Salvador. Num dia normal, a cidade que possui 40 mil habitantes é patrulhada por quatro PMs.

Editoria de arte/Folhapress

ESTOPIM

A perseguição policial que resultou na morte da criança começou por volta das 18h no bairro de Catiara.

Um agente da polícia civil retornava para casa e se deparou com um suspeito de tráfico de drogas.

Segundo a polícia, o suspeito tinha um mandado de prisão em aberto por supostamente ter envolvimento num homicídio há cerca de dois meses, numa disputa com traficantes do bairro vizinho de São Roque.

Na ação, o suposto traficante entrou em uma das casas do bairro. Na troca de tiros dentro da casa, um dos disparos atingiu na cabeça a criança, que estava no colo do pai.

Segundo moradores, o tiro que atingiu a criança teria partido da arma do policial.

O agente envolvido no caso apresentou-se nesta quinta na sede da Corregedoria da Polícia Civil, em Salvador, onde prestou depoimento e teve a arma recolhida para perícia.

A corregedora-chefe da Corregedoria da Polícia Civil da Bahia, Heloísa Campos de Brito, está em Amargosa para ouvir testemunhas.

O caso será investigado por um grupo de 30 agentes da Polícia Civil enviados para a cidade sob o comando do diretor do Depin (Departamento de Polícia do Interior), Moisés Damasceno.

Na tarde desta quinta-feira, moradores voltaram a protestar no centro da cidade, ma não houve incidentes.


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