Folha de S. Paulo


Sem-teto fazem protestos contra má qualidade das operadoras de celular

O MTST (Movimento de Trabalhadores Sem-Teto) e o Movimento Periferia Ativa fizeram protestos simultâneos nesta quarta-feira (16) em São Paulo. O grupo reclama dos "abusos" das operadoras de telefonia celular no país.

De acordo com nota enviada pelo MTST, o protesto é para reclamar da "péssima qualidade dos serviços de todas as operadoras, apesar da tarifa brasileira ser a mais cara do mundo".

"Se acham que a gente vai se contentar só com nossa casa, estão enganados. Queremos moradia, transporte público de qualidade, telefonia e internet, e a gente não aceita pagar caro, não", disse Josué Rocha, um dos coordenadores do MTST.

Cerca de 200 pessoas ligadas ao MTST entraram por volta das 10h na sede da superintendência da Anatel em São Paulo, na Vila Mariana (zona sul). Um grupo de sem-teto foi recebido por representantes da Anatel e entregou a eles uma lista de bairros que teriam sinal ruim. "Nós vamos verificar algumas localidades que vocês reclamam", disse o superintendente da agência, Everaldo Gomes Ferreira, após receber os sem-teto.

Após a fiscalização nos locais, Ferreira disse que o grupo poderá acompanhar o andamento do processo na Anatel. Ele ainda se comprometeu a enviar para Brasília a pauta de reivindicações do movimento. Após a reunião, o grupo deixou o local pacificamente.

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CONFUSÃO

Além da Anatel, o grupo fez protesto na avenida Giovanni Gronchi, no Morumbi (zona oeste), onde fica a sede da TIM. Já um terceiro grupo fez protestos na porta da Oi, localizada na Vila Olímpia (zona oeste), e também na sede da Claro, no Itaim Bibi. O plano inicial era ir também à Vivo, mas os militantes disseram que não houve tempo.

A única confusão registrada foi na Claro, onde o grupo tentou invadir o local, mas foi impedido por seguranças e PMs, que retiraram os manifestantes da área.

O coordenador do MTST e colunista da Folha, Guilherme Boulos, afirmou que a invasão à empresa ocorreu após provocações de seguranças particulares. "Eles apontaram armas para a gente e nos provocaram, o que causou o tumulto. Nossa intenção não era entrar, como não entramos nas outras operadoras", disse. A Claro informou que não vai se pronunciar sobre o assunto.

A coordenadora do MTST Ana Paula Ribeiro disse ter sido recebida por quatro representantes da Claro depois da confusão. "A empresa disse que não sabia que o sinal de celular era ruim nos bairros de periferia que apontamos e prometeu criar um canal direto de reclamações para que a gente relate os problemas com mais facilidade", disse.

Moradores de um condomínio em frente ao prédio da Claro jogaram objetos nos manifestantes. "Isso é um absurdo. Com os ovos que jogaram na gente, a gente faria comida nas nossas ocupações. Isso é falta de educação e um desperdício", criticou Ana Paula.

Na Oi, os sem-teto entregaram uma lista com 56 bairros onde a qualidade do sinal de celular é precária e outras reclamações, como dificuldade para cancelar planos. "Queremos também a proibição da venda de planos até que esses problemas sejam resolvidos", disse Boulos.

Segundo ele, a proposta de fazer a manifestação foi aprovada em assembleias nas ocupações que o MTST mantém na cidade.

Segundo o grupo, as reivindicações para as operadoras são: mais antenas e investimentos principalmente nas periferias de São Paulo e região metropolitana, barateamento de tarifas, melhor qualidade de atendimento para para reclamações e cancelamentos de planos.

O grupo também pede que a Anatel e o governo federal reestatizem a Telebrás por não cumprimento dos investimentos previstos em contrato pelas concessionárias, e quer mais rigor na fiscalização, aplicação de multas e suspensão da venda de novas linhas de todas as operadoras até a realização de novos investimentos.

EMPRESAS

Por meio de sua assessoria de imprensa, a TIM afirmou que o protesto no escritório de São Paulo foi pacífico, e que um representante seu recebeu a pauta dos manifestantes, a qual será avaliada pela empresa.

A SindiTelebrasil, entidade que representa as operadoras, enviou uma nota em que informa que o setor tem investido "pesadamente nos últimos anos, especialmente na melhoria da qualidade, expansão dos serviços e redução de preços e tarifas".

"Em 2013, foram investidos R$ 30 bilhões - R$ 80 milhões por dia - e desde o ano passado mais de 15 mil antenas de celular 3G e 4G foram implantadas no país", diz a nota.

A entidade afirma ainda que os impostos impedem uma tarifa mais barata. A SindiTelebrasil "ressalta a necessidade de redução da carga tributária e do uso dos fundos setoriais –que já recolheram mais R$ 60 bilhões aos cofres públicos– para garantir a massificação dos serviços de telecomunicações. Reitera ainda que é fundamental que as leis sejam modernizadas, para se eliminar as restrições à instalação de antenas nas principais cidades do país, que impedem a expansão da infraestrutura", afirma a entidade.


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