Folha de S. Paulo


Diretores de presídio em SP são afastados por suspeita de maus-tratos

A Justiça determinou, em caráter liminar (provisório), o afastamento de quatro diretores da penitenciária 2 de Potim (a 195 km de São Paulo), por suspeita de maus-tratos a presos da unidade.

Exames de corpo de delito feitos em mais de cem detentos e relatórios do CNPCP (órgão do Ministério da Justiça) confirmam as agressões cometidas contra os presos da unidade, segundo a decisão.

A liminar afirma que foram feitas três inspeções com uso de violência na prisão em menos de nove dias. Uma delas, no dia 17 de maio, ocorreu após um drone (avião não tripulado) que sobrevoava o presídio ter sido derrubado por agentes carcerários.

De acordo com a decisão, detentos ouvidos no processo disseram ter sido obrigados a ficar imóveis por cerca de sete horas no pátio do presídio e que apanhavam caso se mexessem. Segundo eles, as agressões eram estimuladas pelos diretores no momento da ação.

Ainda segundo os presos, eles foram ameaçados por funcionários do presídio, "para tomarem muito cuidado com o que falariam em juízo, pois poderiam se complicar", afirma a liminar.

A penitenciária tem capacidade para 844 detentos em regime fechado, mas atualmente abriga mais que o dobro de presos, com 1.795 internos, segundo a SAP (Secretaria de Administração Penitenciária).

No processo, os funcionários negaram as acusações. A Folha não conseguiu contatar os diretores ou seus advogados, por isso não divulga seus nomes.

A SAP não quis comentar a liminar e afirma que afastou os acusados, conforme a decisão. Segundo a pasta, o diretor de Potim 1 responde interinamente pelas duas penitenciárias. A Corregedoria deve apurar as acusações.


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