Folha de S. Paulo


Entre médicos, minoria resiste a vacina

A resistência às vacinas é minoritária entre os médicos. Mas, ainda assim, há profissionais que apoiam os grupos de pais contra a imunização.

Eles sugerem que existe uma sobrecarga imunológica na administração combinada ou simultânea de vacinas.

O maior defensor dessa tese é o médico Robert Sears, autor do livro "The Vaccine Book: Making the Right Decision for Your Child" (em tradução livre "O Livro das Vacinas: Tomando a Decisão Certa para Seu Filho"), de 2007. Por muitos anos, a obra foi uma das mais vendidas nos Estados Unidos.

O conceito de "sobrecarga" pressupõe que seres humanos, particularmente os mais novos, seriam incapazes de responder com eficácia e segurança ao número de vacinas administradas, o que causaria danos à saúde.
Até os dois anos de idade, crianças recebem 21 injeções contendo 33 vacinas.

Editoria de Arte/Folhapress

Sears propõe retardar o início da vacinação, até que o sistema imunológico esteja mais "maduro", separar as vacinas, inoculando somente produtos isolados, e aumentar o tempo entre as imunizações.

Para o infectologista Guido Levi, não há evidência científica para essa tese. "Não há sobrecarga. A criança poderia receber mil doses de vacina", afirma.

"Não é justo que a criança fique doente por causa das crenças dos seus pais. Além disso, essa atitude [antivacina] é um risco comunitário", diz o infectologista, autor do livro "Recusa de Vacinas - Causas e Consequências".

Entidades de medicina homeopática seguem a Associação Médica Brasileira e recomendam a imunização.

Mesmo assim, C.S., médica homeopata que não quis se identificar por medo de represália, diz ser importante não dar vacinas para as crianças reagirem naturalmente a doenças e desenvolverem sua própria imunidade.

"Não faz sentido um bebê tomar vacina de hepatite B e sofrer os potenciais efeitos colaterais, uma vez que é baixíssimo o risco de contrair essa doença", diz. (CC e PCM)


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