Folha de S. Paulo


Julgamento de ex-cirurgião plástico que matou namorada começa em SP

Após ser cinco vezes adiado, começou ao meio-dia o julgamento do ex-cirurgião plástico Farah Jorge Farah. Ele é acusado de matar e esquartejar sua ex-namorada em 2003 dentro de uma clínica na zona norte em São Paulo.

O júri é composto por cinco mulheres e dois homens. De acordo com a assessoria do Tribunal de Justiça de São Paulo, o julgamento deve durar até quinta-feira (15).

Nesta segunda (12), devem começar a ser ouvidas as oito testemunhas de acusação. Amanhã devem participar do julgamento as testemunhas de defesa e, na quarta (14), está programado o interrogatório do réu e o debate.

No último dia 10 de abril, a falta de uma testemunha adiou o júri para este mês.

Em 2008, Farah havia sido condenado a 13 anos de prisão pela morte e ocultação do corpo de Maria do Carmo Alves, sua paciente e ex-namorada. O júri foi anulado porque a defesa alegou que laudos oficiais que atestavam o estado semi-imputável do réu foram ignorados pelos jurados.

Desde então, ele aguarda novo julgamento em liberdade.

Em novembro do ano passado, a Justiça declarou extinta a punibilidade pelo crime de ocultação de cadáver, devido ao tempo transcorrido.

ENTENDA O CASO

Farah teria levado dez horas para matar a vítima. À época, a polícia informou que ele usou bisturi e pinças para dissecar o corpo e retirar a pele de parte do rosto, do tórax e das pontas dos dedos das mãos e dos pés.

O cirurgião passou a noite em seu consultório e, na manhã de sábado, teria retirado os pedaços do corpo, guardados em sacos plásticos, e colocado no porta-malas de seu carro.

Em seguida, ele se internou em uma clínica psiquiátrica, a mesma em que o jornalista Antonio Pimenta Neves ficou após matar sua ex-namorada e também jornalista Sandra Gomide em 2000.

Farah teria confessado o crime a uma sobrinha durante visita. Ela, então, o denunciou.

O corpo esquartejado foi encontrado pela polícia no veículo do médico, que estava na garagem do prédio onde ele morava, na zona norte de São Paulo. Ele foi preso horas depois.

No dia seguinte, em depoimento à polícia, o médico confessou o assassinato, mas afirmou ter sofrido um "lapso de memória" em relação aos detalhes do crime. Ele disse que se lembrava apenas da chegada da dona de casa à clínica. Preso, ele alegou legítima defesa e disse que a vítima o perseguia.

Em novembro de 2006, o Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) cassou a licença para o exercício de medicina de Farah.


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