Folha de S. Paulo


Oposição diz que atos mostram insatisfação do país com o governo

A oposição atribuiu nesta quinta-feira à insatisfação da população com o governo federal a onda de protestos que voltou a ocorrer no país a 35 dias do início da Copa do Mundo. Provável adversário da presidente Dilma Rousseff nas eleições de outubro, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou que os protestos são reflexos da gestão do PT no comando do país.

"Há um sentimento generalizado de insatisfação na sociedade. Corremos o risco de ter nas eleições uma presidente que não pode se apresentar em público", disse Aécio à Folha.

Líder do PSDB, o senador Aloysio Nunes Ferreira (SP) afirmou que Dilma "não está agradando muito", por isso a população sai às ruas para protestar contra a atual situação política e econômica do país.

Para o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), as manifestações mostram o "crescimento de rejeição" da população com o governo. "Há um ambiente tenso, nervoso. A população toma conhecimento que a Copa não é para ela, que ela não poderá entrar nos estádios superfaturados. E foi o governo quem impôs essas decisões."

O tucano disse que a visita da presidente Dilma ao estádio do Itaquerão, onde ocorreram protestos, é uma "jogada de marketing" para tentar reverter sua queda nas pesquisas eleitorais. "Receber manifestantes, eu acho que ela deve. Mas está claro que está fazendo isso porque sabe que sua popularidade está em queda", afirmou Dias.

A presidente recebeu lideranças do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) esta tarde, em São Paulo, para discutir o acesso ao programa Minha Casa, Minha Vida, uma das principais reivindicações do movimento de moradia. Cinco manifestações de sem-teto ocorreram hoje em SP.

O encontro durou cerca de 20 minutos e aconteceu na pista de pouso no bairro de Itaquera, zona leste da capital paulista, perto da Arena Corinthians. Dilma faz uma visita ao estádio que vai sediar a abertura da Copa do Mundo, no dia 12 de junho.

PROTESTOS

A 35 dias do início da Copa do Mundo, uma onda de protestos voltou a ocorrer nesta quinta-feira no país, direta ou indiretamente relacionados com a realização do Mundial.

Em São Paulo, cinco manifestações de sem-teto que tem como mote críticas aos gastos com a realização do Copa interditaram vias. Os manifestantes invadiram temporariamente sedes de três empreiteiras que fazem obras do evento -Odebrecht, OAS e Andrade Gutierrez.

Três atos promovidos pelo MTST foram suspensos durante a tarde por conta da reunião do movimento com a presidente Dilma. Eles tinham iniciado na praça do Ciclista, na avenida Paulista, e nas estações Butantã do metro e Berrini da CPTM. Outros dois saíram da zona sul e terminaram na ponte do Socorro e outro na avenida Paulista.

Duas construtoras foram invadidas por parte dos manifestantes, no protesto que reuniu membros do MTST e do MST (Movimento dos Sem-Terra). Cerca de 100 pessoas tomaram o saguão de entrada da Odebrecht e picharam, colaram cartazes e atiraram bexigas de tinta nas paredes.

Simultaneamente à invasão da Odebrecht, construtora responsável pelas obras do estádio do Itaquerão, o hall de entrada da construtora OAS também foi tomado por sem-teto e integrantes do MTST e MST. Dentro do prédio manifestantes diziam palavras de ordem.

No Rio, a população amanheceu praticamente sem ônibus. Motoristas e cobradores estão em greve por 24 horas. Pelo menos 325 ônibus foram depredados durante a manhã em vários ataques pela cidade. Eles reivindicam aumento de salário.

Situação parecida foi enfrentada na Grande Florianópolis. Mais de 300 mil passageiros ficaram sem transporte coletivo por causa de uma paralisação de motoristas e cobradores.

Já na região metropolitana de Belo Horizonte, em Minas Gerais, moradores bloquearam dois trechos da BR-040 entre a capital mineira e Brasília. O grupo quer melhorias no transporte coletivo.

em Curitiba, cerca de 500 pessoas que vivem em invasões interditaram uma rodovia federal em Curitiba, em protesto por melhores condições de moradia. O grupo que faz parte do MPM (Movimento Popular por Moradia) queimou pneus e galhos na pista, e interrompeu o fluxo na BR-376, no Contorno Sul, por cerca de duas horas, entre 9h e 11h.

Protestos de militantes sem-terra e de servidores municipais em greve também causaram grandes engarrafamentos em Salvador na manhã de hoje. O protesto, segundo o movimento, reuniu cerca de 3.000 pessoas, que vinham de uma marcha de 40 km entre Camaçari (região metropolitana) e a capital.


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