Parte dos invasores do terreno batizado de Copa do Povo, no Parque do Carmo, já morava na região de Itaquera, na zona leste de São Paulo, e viu na ocupação uma oportunidade de deixar o aluguel.
Morador do bairro, o tratador de cavalos Alberto Feitosa Ribeiro, 19, diz que deixou um casa alugada e se mudou para o terreno.
Segundo ele, depois do anúncio da construção da Arena Corinthians para a Copa do Mundo, o valor do aluguel de imóveis na região disparou.
"Antes eu pagava R$ 350 por mês em uma casa de um cômodo. Hoje são R$ 700 no mesmo lugar. Eu ganho um salário de R$ 1.000, e não sobra quase nada para comer."
Para ele, a construção do estádio prejudicou as pessoas mais pobres da região.
"Tudo ficou mais caro, mas agora vamos comemorar nossa Copa com moradia de graça. Quem vê a gente num barraco de lona acha que somos vagabundos, mas não sabe a dor que é abrir a geladeira e não ter um pedaço de carne. Minha mulher está grávida de 5 meses e quero uma vida melhor para meu filho."
Ontem, a invasão já abrigava cerca de 1.500 famílias, segundo estimativa do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto). No sábado, quando o terreno foi invadido, eram cerca de 300 famílias, também de acordo com o movimento.
Há pessoas de diversos bairros da zona leste, como São Miguel Paulista, Guaianases e Ermelino Matarazzo.
A coordenadora do MTST, Maria das Dores Cirqueira, 44, estima que o número de pessoas na região deve triplicar.
"O terreno tem 150 mil metros quadrados. Nossa expectativa é que ele abrigue ao menos 5.000 famílias", disse.
O local tem ligação de água, energia elétrica e esgoto, mas só dois banheiros.