Folha de S. Paulo


Trio elétrico fecha desfile da Parada Gay; av. Paulista é liberada

O trio elétrico "Avassalador" fechou por volta das 18h20 deste domingo, o desfile da Parada Gay de São Paulo. O show de encerramento do evento, porém, ainda deve ocorrer a partir das 19h na praça da República, com Wanessa e Pedro Lima.

Ao todo, 14 trio elétricos passaram pela Parada, saindo da avenida Paulista e percorrendo toda a rua da Consolação, até a praça Roosevelt. Ao encerrar o desfile, Nelson Matias, sócio-fundador da associação que organiza a Parada, tirou aplausos da multidão ao dizer que a luta não termina com a festa.

Ele também recomendou que os participantes "voltem para casa em grupos e não aceitem provocações", por segurança. Os organizadores afirmaram ainda não ter uma estimativa de público. Já a Polícia Militar estima que o evento reuniu entre 80 mil e 100 mil pessoas.

Por volta das 18h30, o trânsito começou a ser liberado na avenida Paulista, onde ocorreu a concentração do evento. Os carros já estavam liberados no sentido Paraíso. No sentido Consolação, eles percorriam até a rua Haddock Lobo, onde ainda persistia um bloqueio.

Os trios elétricos conseguiram atender diversos gostos. O trio da Salete Campri, por exemplo, transformou a Consolação em uma rave, enquanto o trio da Gambiarra levou o clima do Carnaval baiano para o local, com hits do axé e até um pouco de pagode.

O trajeto da Parada Gay virou uma enorme pista de dança ao som de hits como "Show das Poderosas", de Anitta, e "Beijinho no Ombro", de Valesca Poposuda.

PÚBLICO

Assim como em outros anos, o evento atraiu de famílias a baladeiros, passando por pastores e celebridades.

Moradora da região há cinco anos, a doméstica Iracema Neris dos Santos, 57, decidiu ir ao evento pela primeira vez. No final da tarde, ela observava o movimento da via que desemboca na praça Roosevelt ao lado dos filhos Alexandro, 9, e Amanda, 14.

"Antes de virmos, falei para eles [os filhos] que ia ter homem com homem e mulher com mulher", disse. "Estou gostando, no ano que vem vou voltar."

Vizinha de Iracema, a cabeleireira Maria do Amparo, 53, elogiava o clima. "Esse ano o pessoal está mais comportado. Já vi até gente transando na rua em outros anos", lembra.

"É legal andar de mão dada, mas tem que saber se comportar como casal, porque aqui tem famílias e crianças", diz a mulher, que afirma frequentar o evento há cinco anos.

DESFILE

O desfile começou próximo do meio-dia, na avenida Paulista, seguindo pela Consolação. Na abertura, militantes cobraram das autoridades a aprovação de leis contra a homofobia e a favor dos direitos de transexuais. A ministra Ideli Salvatti (Direitos Humanos), o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o prefeito Fernando Haddad (PT) estavam presentes.

O presidente da APOGLBT (Associação da Parada do Orgulho GLBT), Fernando Quaresma, reclamou publicamente da anexação do projeto de lei 122/06, que criminaliza a homofobia, ao projeto de reforma do Código Penal, que ainda não tem data para ser analisado. A medida foi aprovada no Senado, em dezembro de 2013.

"Por que o PL foi arquivado e agora temos que esperar a redação do novo Código Penal? Os parlamentares que decidiram isso estão com as mãos cobertas de sangue dos LGBT [lésbicas, gays, bissexuais e transexuais]", afirmou.

Quaresma citou levantamento do GGB (Grupo Gay da Bahia) que aponta que 310 homossexuais e travestis foram assassinados em 2013 e defendeu a aprovação da lei de Identidade de Gênero, conhecida como João Nery, em homenagem ao primeiro transexual do Brasil.


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