Folha de S. Paulo


Situação dos haitianos que vêm a SP será discutida em Brasília, diz Haddad

O prefeito Fernando Haddad (PT) afirmou na manhã desta quarta-feira (30) que vai se reunir na semana que vem, em Brasília, com o governador Geraldo Alckmin e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para discutir a situação dos haitianos que chegam a São Paulo.

O prefeito não entrou em detalhes sobre quais serão os temas abordados durante a reunião. A convocação da reunião partiu de Cardozo e o encontro deverá acontecer na próxima terça-feira.

A crise envolvendo os imigrantes gerou troca de farpas entre o governo de São Paulo e o acriano.

Com a intensificação da vinda de imigrantes à São Paulo, o governo do Estado criticou o posicionamento do Acre na situação. De acordo com a secretaria de Justiça paulista, Heloísa Arruda, o governador Tião Viana (PT) foi "irresponsável" no tratamento do caso.

Por outro lado, o governador petista afirmou que a "elite paulistana" é "higienista" por não querer que o Acre envie haitianos para o Sudeste. Nesta semana o prefeito Fernando Haddad chegou a classificar o debate entre Acre e São Paulo com deselegante.

Haddad disse que São Paulo é uma cidade construída por migrantes e acostumada a receber pessoas do mundo todo o tempo inteiro. "Estamos pedindo apenas algumas para nos prepararmos para receber essas pessoas da melhor forma possível".

50 ÔNIBUS

O governo do Acre gastou R$ 1,6 milhão no fretamento de 50 ônibus para enviar a São Paulo cerca de 2.200 imigrantes, entre senegaleses, dominicanos e principalmente haitianos.
Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Social do Acre, cada viagem, com 44 estrangeiros, custou R$ 32 mil. Até domingo, já haviam sido feitas 41 viagens desse pacote.

Segundo o secretário de Desenvolvimento Social do Acre, Antônio Torres, os imigrantes são aconselhados a procurar São Paulo pela facilidade de acesso, a outras cidades do Sul e Sudeste. "Os que escolhem ir para essas cidades ficam na rodoviária de São Paulo, mas há os que preferem procurar emprego por lá mesmo [capital paulista]."

Os estrangeiros que chegam à São Paulo geralmente ficam na paróquia Missão Paz, na região do Glicério, no centro.

Ontem, cerca de 160 deles passaram a noite em um salão de festas convertido, provisoriamente, em dormitório. Ficaram no chão, sobre colchões doados pela prefeitura. Até então, o local havia recebido, no máximo, 40 pessoas para dormir.

A situação está perto do limite, desabafa o padre Paolo Parise, responsável pelo local que serve de abrigo às dezenas de imigrantes.


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