Folha de S. Paulo


Falta de chuva reduz nível do sistema Cantareira para 10,7% em São Paulo

O nível do sistema Cantareira registrou um novo recorde negativo nesta quarta-feira. Desta vez, o nível do reservatório está operando com 10,7% de sua capacidade total. De acordo com a Sabesp, esta é a primeira vez na história que o manancial atinge esta marca.

Ontem, a capacidade do manancial era de 10,9%. Na última semana o cantareira perdeu 1 ponto percentual no nível de água armazenada. O índice é considerado crítico e a falta de previsão de chuva para a capital paulista deve agravar o problema. Na quarta e na quinta-feira uma frente fria pode causar chuva na capital e Grande São Paulo, mas de forma isolada e passageira.

O índice pluviométrico acumulado neste mês no sistema Cantareira está em 84 mm, abaixo da média histórica para o mês que é de 89,3mm. De acordo com a previsão do tempo do CGE (Centro de Gerenciamento de Emergências) da Prefeitura de São Paulo, não há a possibilidade de chuva para os próximos dias.

O reservatório é responsável pelo abastecimento de parte da capital e de municípios da Grande São Paulo. No total mais de 8 milhões de pessoas recebem água do sistema diariamente. O Cantareira também atende municípios da região de Campinas, no interior do Estado.

Ontem, o pré-candidato a governador de São Paulo Paulo Skaf (PMDB), presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), afirmou que a crise de abastecimento de água na capital foi causada pela má gestão do governo do Estado.

"Cada vez que eu viajo de avião, vejo tanta água [em São Paulo]. Como é que falta água? Falta alguma coisa ligada a gestão, a investimentos", disse, durante visita à Agrishow, feira do setor agrícola realizada em Ribeirão Preto (313 km de São Paulo).

Editoria de Arte/Folhapress

*MEDIDAS *

A Sabesp faz manobras durante a madrugada em determinadas regiões de São Paulo. Durante o período, a empresa diminui a pressão no encanamento e reduz o fornecimento de água em determinadas áreas. A água só volta durante a manhã, geralmente esbranquiçada por conta do aumento do uso de cloro.

Para atenuar os efeitos da crise hídrica, o governo do Estado vem fazendo medidas pontuais nas cidades da região metropolitana de São Paulo.

Aqueles que economizarem 20% de água receberão um desconto de 30% na conta. Segundo a Sabesp, cerca de 75% da população que têm direito ao bônus reduziram o consumo no mês de março.

Até o último dia 9, quando a Folha revelou que um relatório recente da Sabesp admitia a chance de implantar um rodízio de água em São Paulo ainda neste ano, tanto a empresa quanto o governador Geraldo Alckmin (PSDB), que será candidato à reeleição em outubro, afastavam essa possibilidade.

Ainda como medida para reduzir os impactos da seca, o governo planeja fazer uma interligação entre o Cantareira e o manancial Rio Grande. A operação deve ser realizada "em alguns meses", segundo o governador.

O sistema Rio Grande fica em um braço da represa Billings e abastece as cidades de Diadema, São Bernardo do Campo e parte de Santo André. O volume armazenado no local nesta terça (29) era de 96,1%.

Este será o terceiro sistema de abastecimento a verter água para regiões antes abastecidas pelo Cantareira. Com a falta de chuvas no início do ano, a Sabesp passou a captar água para bairros da capital nos sistemas Alto Tietê e Guarapiranga.

O Alto Tietê e o Guarapiranga apresentam volumes armazenados de 36,1% e 78%, respectivamente. Ambos operam com índices pluviométricos abaixo da média mensal histórica.


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