Folha de S. Paulo


Nível do Cantareira bate novo recorde negativo e atinge 11% em SP

O nível do sistema Cantareira registrou um novo recorde negativo nesta segunda-feira (28) operando com 11% de sua capacidade total. De acordo com a Sabesp, esta é a primeira vez na história que o manancial atinge esta marca.

O índice é considerado crítico. A queda nos últimos dias foi acentuada pela falta de chuva na última semana. Segundo o boletim divulgado pela Sabesp, nos últimos cinco dias o volume armazenado caiu 1 ponto percentual.

Segundo o boletim meteorológico do CGE, não há previsão de chuva pelos próximos 3 dias. Apesar disso, o índice pluviométrico (quantidade de chuva para um mês) está acima da média. Até esta segunda-feira choveu 72 mm – a média para o mês de abril é de 66,7 mm.

O manancial Cantareira é responsável pelo abastecimento de parte da capital e de municípios da Grande São Paulo. No total mais de 8 milhões de pessoas recebem água do sistema Cantareira diariamente. O reservatório ainda atende municípios da região de Campinas, no interior do Estado.

Para atenuar os efeitos da crise hídrica, o governo do Estado vem fazendo medidas pontuais nas cidades da região metropolitana de São Paulo.

Aqueles que economizarem 20% de água receberão um desconto de 30% na conta. Segundo a Sabesp, cerca de 75% da população que tem direito ao bônus reduziram o consumo no mês de março.

Como forma de punir aqueles de desperdiçam, o governo do Estado estuda uma forma de aplicar uma "multa". A cobrança ainda não tem data para começar a vigorar em São Paulo e ainda depende uma regulamentação da Arsesp (Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo).

Além da política de bônus e ônus, a Sabesp faz manobras durante a madrugada em determinadas regiões de São Paulo. Durante o período, a empresa diminui a pressão no encanamento e reduz o fornecimento de água em determinadas áreas.

A água só volta durante a manhã, geralmente esbranquiçada por conta do aumento do uso de cloro.

Recentemente, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) chegou a afirmar que um eventual racionamento de água em São Paulo poderia desperdiçar reservas em vez de poupar.

"Poderíamos ter problemas, pois quando se zera a água de um sistema, quando [o abastecimento] volta, pode haver perda de água", disse Alckmin na semana passada.

Até o último dia 9, quando a Folha revelou que um relatório recente da Sabesp admitia a chance de implantar um rodízio em São Paulo ainda neste ano, tanto a empresa como Alckmin, que será candidato à reeleição em outubro, afastavam essa possibilidade.

Ainda como medida para reduzir os impactos da seca, o governo planeja fazer uma interligação entre o Cantareira e o manancial Rio Grande. A operação deve ser realizada "em alguns meses", segundo o governador.

O sistema Rio Grande fica em um braço da represa Billings e abastece as cidades de Diadema, São Bernardo do Campo e parte de Santo André.

Este será o terceiro sistema de abastecimento a verter água para regiões antes abastecidas pelo Cantareira. Com a falta de chuvas no início do ano, a Sabesp passou a captar água para bairros da capital nos sistemas Alto Tietê e Guarapiranga.

Editoria de Arte/Folhapress

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