Folha de S. Paulo


Antônio Cunha Losada (1934-2014) - Sindicalista preso na ditadura

Em 1979, quando os irmãos Losada saíram do presídio de Mariante, no interior do Rio Grande do Sul, eram um dos últimos presos políticos da ditadura militar anistiados no Estado.

Antônio Losada havia estado seis anos preso por envolvimento em grupos grevistas e na luta armada durante o golpe militar.

Filho de um espanhol e de uma índia, Antônio teve uma juventude simples em Porto Alegre. Foi operário em indústrias têxteis, onde começou a envolver-se com o sindicalismo e o PCB (Partido Comunista Brasileiro).

A partir do golpe militar, as assembleias, reuniões e distribuição de panfleto ficaram cada vez mais difíceis de serem feitas. Tido como agitador, não conseguia mais empregos nas fábricas.

No final da década de 60, o sindicalismo gaúcho aproximou-se da luta armada e com o grupo VAR-Palmares.

Nessa época, segundo a família, Antônio "rebatizou-se" Joaquim e conheceu Carlos Franklin Paixão de Araújo e a presidente Dilma Rousseff, ambos membros do grupo armado naquela circunstância.

Na luta armada, chegou a ser treinado para a guerrilha do Araguaia.

Em 1973 a polícia invadiu a casa de sua sogra onde estava com a família para prendê-lo junto com sua mulher e seu irmão. Os três passaram por três meses de tortura no Dops (Departamento de Ordem Política e Social) de Porto Alegre.

Assim que foi solto, tentou, em vão, processar seus torturadores. Em 1996, elegeu-se vereador da capital gaúcha.

Aos 79 anos, morreu atropelado ao atravessar uma avenida de Porto Alegre.


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